Mundo

EUA dialogam com parentes de presos

Diplomatas norte-americanos se reúnem com familiares de dissidentes que não aceitaram deixar ilha. Libertados pedem que a União Europeia mantenha a pressão

postado em 20/07/2010 09:38
Diplomatas norte-americanos se reunirão hoje com familiares dos presos políticos cubanos que se recusaram a viajar a Madri. O encontro com os dissidentes que integram o grupo dos 52 libertados está previsto para as 13h (14h em Brasília) na Seção de Interesses de Washington em Havana (Sina). Segundo a agência de notícias France-Presse, representantes da Igreja Católica e da Embaixada da Espanha participarão do diálogo, na condição de convidados. Mais que uma manobra política surpreendente e pouco habitual, a notícia divulgada ontem pode ser vista como o resultado direto de uma negociação entre o cardeal cubano Jaime Ortega e o governo dos Estados Unidos. Entre 21 e 27 de junho, Ortega havia viajado a Washington e conversado diretamente com Arturo Valenzuela, secretário adjunto para Assuntos do Hemisfério Ocidental.

Fundadora e líder do movimento Damas de Branco, Laura Pollán estima que cerca de 20 familiares dos prisioneiros políticos participarão da reunião na Sina. ;A única coisa que sabemos é que convidaram um representante de cada preso que não foi contatado pela Igreja (que os consulta para emigrar) ou daqueles que se negaram a viajar à Espanha, como meu marido;, declarou Laura, mulher de Héctor Maseda, condenado a 20 anos de prisão em maio de 2003.

Ricardo González (E) e Julio César Gálvez (C): para ex-prisioneiros políticos, regime cubano está desesperadoDe acordo com a Igreja Católica cubana, dos 20 dissidentes libertados que aceitaram emigrar, 11 viajaram à Espanha e oito deveriam sair de Havana ainda ontem ; com previsão de desembarque no Aeroporto Internacional de Barajas, em Madri, na manhã de hoje. São eles: Manuel Ubals González, Ricardo Enrique Silva Gual, Alfredo Manuel Pulido López, Blasgiraldo Reyes Rodríguez, Jorge Luis González Tanquero, José Ubaldo Izquiero Hernández, Arturo Pérez de Alejo Rodríguez e Antonio Ramón Diáz Sánchez. O grupo estará acompanhado de 38 familiares.

Comunicado
José Ubaldo seguirá para o Chile na condição de refugiado político. As negociações para o traslado a Santiago serão feitas pela embaixada chilena em Madri. Os 11 dissidentes cubanos que já se encontram na Espanha apelaram ontem à União Europeia (UE) pela reivindicação do processo de democratização em Cuba. ;Conscientes da vontade manifestada por países europeus de modificar a ;posição comum; da UE em relação a Cuba, declaramos nosso desacordo com a aprovação desta medida, por entender que o governo cubano não deu passos que evidenciem uma decisão clara de avançar para a democratização de nosso país;, afirmaram, por meio de uma carta assinada por 10 dos 11 ex-presos políticos. ;Solicitamos aos países da UE que não abrandem suas exigências encaminhadas para conseguir mudanças em relação à democracia em Cuba;, acrescenta o texto, lido por Julio César Gálvez, que havia sido condenado a 15 anos de detenção. Outro texto lido pelo ex-prisioneiro Ricardo González assinala que a ida à Espanha ;não deve ser considerada um gesto de boa vontade, mas uma ação desesperada do regime na busca urgente de créditos de todo tipo;.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação