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Nicolas Sarkozy vai a Bruxelas defender a expulsão em massa de ciganos

postado em 16/09/2010 09:15
O presidente Nicolas Sarkozy decidiu comprar a briga com a União Europeia (UE), que censurou o governo francês pela política de repatriar ciganos para países do Leste Europeu, e vai explicar ao vivo sua posição em Bruxelas, hoje, diante dos colegas do bloco. Sarkozy se disse escandalizado com a comissária europeia de Justiça, Viviane Reding, que fez uma comparação explícita com as deportações em massa ordenadas pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. Falando sobre a crise durante almoço com os senadores de seu partido, a União para um Movimento Popular (UMP, direita), o presidente subiu o tom e sugeriu à comissária que receba os ciganos em Luxemburgo, seu país natal.

;Ele disse que não estamos fazendo nada além de aplicar os regulamentos europeus e as leis francesas, que não há absolutamente nada a reprovar (na decisão francesa), e se os luxemburgueses quiserem recebê-los (os ciganos), não tem problema;, relatou o senador Bruno Sido. As afirmações atribuídas a Sarkozy foram consideradas ;mal-intencionadas; pelo chanceler de Luxemburgo, Jean Asselborn. Ele lembrou que Viviane Reding ;não falava como luxemburguesa, mas como comissária europeia;.

A Comissão Europeia (CE, braço executivo da UE) critica há um mês o endurecimento da política de segurança da França em relação aos ciganos em situação irregular. Desde julho, mil integrantes da minoria étnica foram expulsos e dezenas de campos onde eles viviam foram desmantelados. Nesta semana, a situação piorou com as revelações sobre a existência de uma circular oficial ; anulada depois ; prevendo a deportação de ciganos, em contradição com garantias dadas anteriormente a Bruxelas. A comissária Reding ameaça levar a França à Justiça europeia por desrespeito à legislação do bloco.

Paralelo
;Fiquei intrigada com as circunstâncias que dão a impressão de que pessoas são deportadas de um país-membro (da UE) apenas porque pertencem a uma determinada minoria étnica. Pensava que a Europa não seria mais testemunha desse tipo de situação após a Segunda Guerra Mundial;, afirmou a comissária. O secretário de Estado francês para Relações Europeias, Pierre Lellouche, reagiu de bate-pronto: ;O tom que ela deu à questão foi como quem diz ;basta, minha paciência tem limites;. Mas não é dessa forma que alguém se dirige a um grande país;. O presidente da CE, José Manuel Durão Barroso, reiterou o apoio à subordinada e assegurou que Reding ;não quis estabelecer um paralelo entre o que ocorreu durante a Segunda Guerra Mundial e o período atual;.

Em carta que enviou ao governo francês, cujo teor foi mencionado pela agência de notícias France Presse, a comissária de Justiça pediu explicações detalhadas sobre a polêmica circular. Empenhado em amainar a crise, Barroso afirmou que ;tomou nota; de declarações de Paris, segundo as quais ;a França considera que o momento do diálogo chegou;. ;A lei comunitária deve ser respeitada, a proibição da discriminação com base na origem étnica é um dos valores fundamentais da UE, e a Comissão Europeia fará o necessário para garantir o respeito a esses princípios;, ressaltou o presidente da CE.

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