Mundo

Depois do Egito, vento de contestação sopra no Oriente Médio

postado em 14/02/2011 15:30

Nicósia - Vários países do Oriente Médio foram palco de manifestações nesta segunda-feira (14/2) contra os regimes em vigor, após os protestos bem-sucedidos no Egito que derrubaram o presidente Hosni Mubarak.

As maiores manifestações ocorreram no Iêmen, em particular na capital Sanaa, onde manifestantes ficaram levemente feridos durante o tumulto.

"Depois de Mubarak, Ali", entoavam milhares de manifestantes, a maioria estudantes e advogados, referindo-se ao presidente Ali Abdallah Saleh, no poder há 32 anos.

Os militantes tentaram marchar até a Praça Tahrir (Libertação) - que leva o mesmo nome da praça símbolo dos protestos no Cairo -, mas as forças de segurança instalaram cercas de arame farpado para impedi-los.

Centenas de partidários do Congresso Popular Geral (CPG, partido no poder) atacaram, então, os manifestantes com golpes de pau e pedras, segundo um correspondente da AFP no local.

Alguns manifestantes ficaram com ferimentos superficiais. O correspondente da BBC em árabe, Abdullah Ghorab, com o rosto ensanguentado, afirmou à AFP ter sido espancado "por homens do partido no poder".

A manifestação, como outras que ocorreram nos últimos dias, foi organizada por iniciativa de estudantes e representantes da sociedade civil. A oposição parlamentar, que decidiu retomar o diálogo com o regime do presidente Saleh, não foi associada.

Em Taiz, ao sul da capital, milhares de pessoas também saíram às ruas para reivindicar uma mudança no regime, e oito pessoas ficaram feridas depois que a polícia dispersou a manifestação, segundo testemunhas.


Irã
No Irã, milhares de pessoas tentavam durante a tarde reunir-se em diferentes pontos do centro de Teerã, enquanto que a polícia e as tropas de choque, amplamente posicionadas, procuravam impedi-los, segundo testemunhas e vários sites de oposição.

Incidentes estouraram entre manifestantes antigovernamentais e a polícia, que fez uso de gás lacrimogêneo, segundo testemunhos recolhidos pela AFP.

Estes encontros constituem a primeira demonstração pública de oposição reformista significativa desde o ano passado.

Por temer a situação, a polícia havia bloqueado e isolado totalmente os domicílios dos dois principais líderes de oposição reformistas, o ex-primeiro-ministro Mir Hossein Moussavi e ex-presidente do Parlamento Mehdi Karoubi.

Em Bahrein, apesar da proibição do encontro lançado através da internet, dezenas de pessoas tentaram manifestar em Nouidrat, antes de serem dispersas pela polícia, que fez uso de gás lacrimogêneo.

Uma fonte policial informou que não houve prisões.

No Facebook, internautas convocavam uma "revolta" neste pequeno país do Golfo, convidando todos a uma grande manifestação para esta segunda-feira à tarde.

No Iraque, a manifestação foi romântica. Por causa do Dia dos Namorados, o Valentine;s Day, centenas de jovens se reuniram com rosas e balões vermelhos no centro de Bagdá para expressar "o amor por seu país" e criticar a ganância dos dirigentes.

O primeiro-ministro iraquiano Nouri al-Maliki afirmou que as exigências dos manifestantes eram "legítimas" e que era preciso que os ministros agissem para satisfazê-los.

Em uma atmosfera descontraída, manifestantes entoavam "Tubarões, vejam a dor dos famintos".

Na Argélia, uma passeata de oposição, proibida, se confrontou no dia 12 de fevereiro com um dispositivo de segurança muito reforçado. Uma nova manifestação está prevista para o próximo sábado.

Na Síria, uma blogueira de 19 anos foi condenada a cinco anos de prisão após ter sido julgada pela divulgação de informação aos Estados Unidos, segundo o Observatório sírio de Direitos Humanos.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação