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EUA procuram fortalecer rede militar no Golfo Pérsico

Agência France-Presse
postado em 18/02/2011 14:09
Washigton - Os Estados Unidos, preocupados com as manifestações antigovernamentais no Oriente Médio, exercem sua influência na região graças a uma rede de bases militares e acesso privilegiado oferecido pelos regimes locais.

A proteção de rotas marítimas do Golfo Pérsico, por onde transitam milhares de petroleiros a cada ano, e o estabelecimento de um ;cordão sanitário; ao oeste do Golfo para frustrar as ambições do vizinho iraniano estão no centro desta estratégia.

Mais do que enormes bases, nos moldes daquelas que possuem no Japão ou na Alemanha, a estratégia dos Estados Unidos na região se baseia nos direitos de sobrevoar a área e em uma rede de bases militares, cujo acesso foi negociado com países aliados, como Emirados Árabes, Qatar, Omã, Kuwait e Arábia Saudita.

Tropa
No total, cerca de 27 mil militares americanos estão atualmente na região, revelou um dirigente militar americano à AFP. Sem contar com o Iraque, onde o exército americano possui, ainda, cerca 50 mil militares, apesar da missão de combate ter terminado em 31 de agosto de 2010, depois de quase oito anos desde a invasão em 2003.

Em Bahrein, país da vez a enfrentar a onda de manifestações que começou na Tunísia e seguiu para o Egito, os Estados Unidos dispõem de 4 mil homens, segundo o dirigente militar americano entrevistado pela AFP.

Esse pequeno reino do Golfo, onde oposicionistas reivindicam a demissão do governo, é de uma importância estratégica para Washington. Os EUA possuem lá o quartel-general da quinta frota, responsável por Mar Vermelho, Golfo Pérsico e Mar da Arábia.

A potência possui quatro navios-bombardeiros baseados em Manama e ao menos um porta-aviões, com navios de escolta e 80 aviões e helicópteros a bordo, de forma permanente na zona, com o objetivo principal de dar suporte às operações no Afeganistão e contra o Irã.

A perda do fácil acesso a um país depois da mudança de regime não é, por si só, catastrófica, graças à rede tecida pelos EUA na região. No entanto, se os americanos perdessem toda essa malha, isso sim seria uma tragédia, explica David Aaron, ex-membro do Conselho de Segurança Nacional e especialista no centro de estudos RAND.

"Antes de ter essa base em Bahrein, nós administrávamos a (quinta) frota em outro lugar. Fica mais difícil para os marinheiros, mas não é impossível", destacou.

Em 2003, o exército americano retirou-se quase que totalmente da Arábia Saudita para se instalar em Qatar e Omã.

Mas "o que pode estar em jogo, é a capacidade de ter tropas no Golfo para tranquilizar nossos aliados" contra o Irã, que fica localizado a leste do Golfo, explicou David Aaron.

"Se perdermos tudo por causa dos tumultos, será um golpe terrível em nossa capacidade de dissuadir o Irã", considerou.

Do Egito até o Golfo, o exército americano dispõe de cerca de 15 instalações destinadas a reabastecer navios que transitam pela região.

Dispõe, ainda, de vários centros logísticos, administrados por empresas tais como a DynCorps, segundo o site especializado GlobalSecurity. O exército armazena lá alimentos, peças, veículos e munição.

Os Estados Unidos estão sempre à procura de novos pontos de apoio, como em Djibuti, desde 2002. Na primavera de 2010, a Eritreia não autorizou que Washington utilizasse uma base naval em Assab no Mar Vermelho.

Essa rede permite multiplicar suas opções: no Iêmen, cerca de cem americanos treinam forças locais a lutar contra o terrorismo. Mas os pontos de apoio em países vizinhos como Djibuti ou Omã podem constituir uma base de referência para o lançamento de drones Predator contra as forças da Al-Qaeda no país.

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