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Cresce apoio para impor zona de exclusão aérea sobre a Líbia

Agência France-Presse
postado em 08/03/2011 11:48
Benghazi - A guerra civil na Líbia avançava nesta terça-feira na frente militar, com novos bombardeios contra posições rebeldes, e na frente diplomática, com o crescente apoio ao estabelecimento de uma zona de exclusão aérea que impeça a aviação de Muamar Kadhafi de atacar a população. Um porta-voz insurgente indicou, por sua vez, que aliados de Kadhafi se ofereceram para negociar em nome do governo, mas a proposta foi rejeitada. O regime líbio desmentiu esta informação, afirmando que não passa de "uma besteira". [SAIBAMAIS]O presidente do Conselho Nacional (oposição), instalado no bastião rebelde de Benghazi (1.000 km a leste de Trípoli), Mustafah Abdelkhalil, deixou a porta aberta para um eventual compromisso, indicando que, se Kadhafi decidir partir para o exílio, o novo poder não abriria um processo legal contra ele. "Somos a favor evidentemente de acabar com o banho de sangue, mas primeiro Kadhafi deve partir, e neste caso não iniciaremos ações penais contra ele", disse Abdelkhalil, que foi ministro da Justiça de Kadhafi antes de passar à oposição e unir-se à insurreição, que começou em 15 de fevereiro. As forças aéreas leais a Kadhafi voltou a atacar a zona do porto petroleiro de Ras Lanuf (300 km a sudoeste de Benghazi). Houve mais dois bombardeios na manhã desta terça. Em um deles, um edifício de dois andares ficou praticamente destruído. Membros das forças insurgentes correram ao local para as operações de resgate, mas até este momento ainda não há um balanço de vítimas dos ataques. Além disso, as tropas de Kadhafi cercaram a cidade de Zenten, a 120 de Trípoli, controlada pela oposição, informou à AFP Florent Marcie, documentarista francês que está em Zenten, entrevistado por telefone. A opção de decretar uma zona de exclusão aérea sobre a Líbia, por outro lado, começa a ganhar cada vez mais respaldo internacional. As monarquias árabes do Golfo Pérsico declararam-se a favor da ação, assim como o chefe da Organização da Conferência Islâmica (OCI), o turco Ekmeleddin Ihsanoglu. "Nos unimos àqueles que pedem o estabelecimento de uma zona de exclusão aérea, e pedimos ao Conselho de Segurança da ONU que assuma suas responsabilidades neste sentido", disse Ihsanoblu. A OCI é integrada por 57 países muçulmanos, representando uma população total de mais de um bilhão de habitantes. Fontes diplomáticas revelaram que França e Reino Unido estão elaborando um projeto de resolução que será submetido o mais rápido possível à aprovação dos quinze membros do Conselho de Segurança da ONU. "Há um sentimento de urgência. Não podemos deixar que a população seja massacrada sem dizer nada", destacou uma das fontes. A aprovação da resolução, entretanto, ainda precisa vencer a resistência de Rússia e China, dois dos cinco membros permanentes do Conselho, que contam com direito de veto. A Rússia afirmou ser completamente contra qualquer tipo de ingerência militar estrangeira na Líbia. Em Washington, a pressão aumenta em torno de três opções: enviar ajuda militar aos insurgentes, criar uma zona de exclusão aérea ou destruir as pistas dos aeroportos. "Gostaria de enviar uma mensagem muito clara aos colaboradores do coronel Kadhafi. São eles que devem escolher como agirão no futuro. Terão que prestar contas por qualquer ato de violência que ocorrer", disse o presidente americano, Barack Obama. O chanceler líbio acusou Estados Unidos, Reino Unido e França de conspirar contra a Líbia para dividir o país. A ONU nomeou o ex-ministro jordaniano das Relações Exteriores, Abdelilah al Jatib, para coordenar uma missão que deverá participar de "consultas urgentes" com as autoridades líbias e fazer uma "avaliação" da situação humanitária. Fontes diplomáticas da União Europeia indicaram na segunda-feira que a Europa está preparando novas sanções financeiras contra a Líbia, especialmente contra a Autoridade Líbia de Investimentos (LIA), um fundo soberano que gere a renda do petróleo e possui psrticipações em várias empresas europeias. O secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, advertiu na segunda-feira que "ataques generalizados e sistemáticos contra populações civis podem constituir crimes contra a humanidade".

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