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EUA: Robert Gates sai da vida pública após ter supervisionado duas guerras

Agência France-Presse
postado em 29/06/2011 15:44
WASHINGTON - O secretário de Defesa americano, Robert Gates, que supervisionou as guerras do Iraque e Afganistão, retira-se nesta quinta-feira da vida pública, após quatro anos e meio no cargo, que valeu a ele elogios de todos os setores políticos.

Aos 67 anos, fez carreira na CIA durante a Guerra Fria, até ocupar o principal cargo no departamento de Defesa, no auge do conflito no Iraque.

Gates iniciou a gestão de quatro anos e meio no Pentágono ajudando a organizar o aumento de tropas no Iraque, o que, segundo ele, teria resultado em gradativa redução da violência, sua principal conquista.

"Penso que teria sido muito ruim para nosso Exército e para nossos militares sair (do Iraque) com o rabo entre as pernas em meio ao caos", declarou à rede CBS News o oficial nascido no Kansas, conhecido por seu pragmatismo e pela sua franqueza.

O ex-presidente George W. Bush designou Gates em 2006 como chefe do Pentágono para suceder ao combativo Donald Rumsfeld, alvo das maiores críticas pela controvertida guerra do Iraque e pelo tratamento dado aos presos.

Após as sequelas da era Rumsfeld, Gates reduziu as tensões e melhorou as relações com o alto escalão militar, o Congresso e os aliados externos dos Estados Unidos.

No entanto, após quatro anos no cargo de "Secretário da Guerra", as responsabilidades assumidas começam a pesar. Sua voz chegou a falhar muitas vezes quando se dirigia aos jovens soldados no campo.

Quando o presidente Barack Obama pediu que ele permanecesse no posto do Pentágono em 2009, Gates passou a ser o primeiro secretário de Defesa a continuar no cargo após a mudança de presidente, comprovando sua boa reputação e popularidade no Congresso, onde poucas vezes foi criticado.

A confiança bipartidária de que Gates goza, agora, está muito distante da experiência que passou no fim dos anos 80 e início dos 90, quando enfrentou uma investigação judicial e audiências hostis no Senado sobre seu papel no escândalo Irã-Contras.

Além de tomar as rédeas do Pentágono em 2006, Gates herdou a impopular guerra do Iraque, que parecia estar à beira da catástrofe.

Gates apoiou a ideia do general David Petraeus de aumentar as forças americanas, evitando que caíssem numa guerra sectária.

Embora outros fatores tenham contribuído para a melhoria da segurança, inclusive a decisão dos líderes sunitas de se afastarem da Al-Qaeda, Gates classificou a guerra do Iraque como um sucesso.

No entanto, os resultados no Afeganistão ainda são incertos.

Gates, que uma vez, quando estava na CIA, forneceu armas a mujahedines para combaterem os russos nos anos 80, estava encarregado das forças americanas mobilizadas na guerra que durou mais do que a ocupação soviética.

Gates influenciou a decisão de Obama de enviar mais 33 mil soldados suplementares ao Afeganistão, assim como a iniciativa - anunciada na semana passada- de iniciar a retirada das tropas.

Cético sobre o uso ideológico das ações militares, Gates expressou com frequência seu receio de recorrer à força quando os interesses vitais americanos não estivessem evidentemente ameaçados.

Advertiu sobre os riscos da intervenção no Iraque e foi contr6a os ataques aéreos na Líbia.

Apesar de sua maneira suave de falar, Gates fez os líderes militares se responsabilizarem pelos próprios atos e não hesitou em despedi-los quando não cumpriam seus deveres.

Numa ocasião, demitiu o secretário e o chefe de pessoal da Força Aérea no mesmo dia - um ato sem precedentes - após uma série de erros no setor nuclear.

Gates passa o comando, agora a Leon Panetta, que atualmente comanda a CIA.

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