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Haiti deve se preparar para terremotos mais devastadores, diz estudo

Agência France-Presse
postado em 27/01/2012 18:40
Washington - O terremoto de 2010 que devastou o sul do Haiti pode ter aberto uma nova era de atividade sísmica e os habitantes devem se preparar para mais tremores maciços, alerta um estudo americano publicado na quinta-feira (26).

O terremoto de 7 graus que matou 250 mil pessoas e destruiu grande parte da capital Porto Príncipe, teve uma magnitude que não se via na ilha desde o século XVIII, segundo o Boletim da Sociedade Sismológica da América.

Um terremoto equivalente de magnitude 6,6 em 1701, com epicentro na mesma região e descrito de forma semelhante ao de 2010 de acordo com relatos históricos, foi seguido de três terremotos, dois em 1751 e um em 1770, destacou o estudo.

Esses terremotos seriam equivalentes atualmente a 7,5, 6,6 e 7,5 graus e estavam todos localizados na - ou próximo da - mesma rachadura na crosta da Terra conhecida como falha de Enriquillo, que se estende pelo sul do Haiti e pela República Dominicana.

O sistema de falhas acumulou "um potencial de deslocamento considerável" desde o século XVIII e os níveis de estresse regionais na Terra podem ser suficientes para provocar mais tremores maciços nos próximos anos, disse a pesquisa.

"O terremoto do Haiti de 2010 pode marcar o começo de um novo ciclo de grandes terremotos no sistema de falhas de Enriquillo depois de 240 anos de calmaria sísmica", prevê o estudo, dirigido por William Bakun, do Serviço Geológico dos Estados Unidos (US Geological Survey, USGS).

"O sistemas inteiro da falha de Enriquillo parece estar ativo sismicamente; o Haiti e a República Dominicana devem se preparar para terremotos devastadores no futuro", acrescenta.

O estudo de Bakun analisa a história dos terremotos e furacões da ilha caribenha conhecida como "A Espanhola" desde sua descoberta por Cristóvão Colombo em 1942 e rapidamente colonizada por europeus.

"Há amplos relatos espanhóis, franceses e britânicos descrevendo as condições sociais e físicas da Espanhola nos últimos 500 anos", informa o estudo.

"Os cinco séculos de história sísmica da ilha Espanhola é, sem dúvida, o mais longo no hemisfério ocidental", continua.

Com essa perspectiva histórica, os registros sísmicos da ilha são comparáveis aos da falha de San Andreas, na Califórnia, onde 56 anos de "significativa atividade de terremotos", iniciados em 1850, culminaram no terremoto de 7,8 graus de magnitude momento, registrado em San Francisco, em 1906, destaca Bakun.

Analistas do USGS preveem que há uma probabilidade de 62% de ocorrer outro terremoto maior e mais devastador em San Francisco em 2031.

Embora a ciência ainda seja imprecisa para prever terremotos, sismólogos estão ganhando mais conhecimento sobre as taxas de risco, ao usar tecnologias avançadas e examinar os registros históricos em busca de pistas.

Não há relatos de terremotos na área antes de 1700 e nenhum comparável até 2010, apesar de ter havido um terremoto em 1860 centrado mais ao norte da ilha e considerado sem relação com o sistema de falhas.

Uma análise dos padrões passados sugere que o terremoto de 2010 foi uma nova ruptura da mesma zona, como em 1701, indicando que o sistema de falhas de Enriquillo pode estar em um ciclo de 310 anos, diz o estudo.

Bakun e seus colegas observaram que grande parte da devastação em torno da capital em 2010 foi causada por "práticas de construção inadequadas" e pediu mais esforços de mitigação da destruição dos prejuízos sísmicos na futura construção do sul do Haiti e da República Dominicana.

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