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Governo russo critica ataque israelense contra centro militar sírio

Agência France-Presse
postado em 31/01/2013 13:24
Damasco - A Rússia reagiu energicamente nesta quinta-feira (31/1) ao ataque aéreo israelense contra um centro militar da Síria, seu principal aliado na região, abalado por uma violenta guerra civil há quase dois anos.

Ao mesmo tempo, a reunião da oposição nesta quinta-feira no Cairo promete ser tumultuada depois que seu líder, Ahmed Moaz al-Jatib, declarou que estava "disposto a discussões diretas com representantes do regime sírio no Cairo, em Túnis ou Istambul". Um dia depois de um ataque israelense que destruiu parcialmente um centro de pesquisa militar situado entre Damasco e a fronteira com o Líbano, o governo russo manifestou preocupação.

"Caso a informação seja confirmada, isto significa que aconteceu um bombardeio sem nenhuma justificativa no território de um Estado soberano, o que viola grosseiramente a carta da ONU e é inaceitável, independente do motivo", afirma um comunicado da chancelaria russa. Até o momento, oficialmente Israel mantém silêncio absoluto sobre o assunto. No Líbano, o movimento Hezbollah, aliado da Síria, afirmou que o bombardeio israelense revela "as origens" do conflito sírio, que, segundo a ONU, provocou a morte de mais de 60.000 pessoas.

[SAIBAMAIS]Em um comunicado, o movimento xiita armado "constata que este ataque revela as origens do que acontece na Síria há dois anos e os objetivos criminosos que buscam destruir este país e seu exército para debilitar seu papel central na resistência (contra o Estado hebreu) e concluir o grande complô contra nossos povos árabes e muçulmanos".



O Irã, outro importante aliado da Síria, também condenou o ataque, que chamou de "agressão brutal do regime sionista". Na quarta-feira à noite, o exército sírio anunciou que um avião de combate israelense havia "bombardeado diretamente um centro de pesquisa para o aperfeiçoamento da resistência e da autodefesa na região de Khomrayah, na província de Damasco".

O bombardeio, que matou duas pessoas, segundo os sírios, é o primeiro ataque israelense contra a Síria desde 2007 e, sobretudo, desde março de 2011, quando explodiu a revolta popular contra o presidente Bashar al-Assad, que mais tarde virou uma guerra civil. No Cairo, a oposição síria deve adotar nesta quinta-feira uma posição oficial a respeito do convite ao diálogo feito pelo regime para tentar superar a crise.

O líder da oposição Ahmed Moaz al-Jatib provocou agitação ao afirmar que estava disposto a discussões diretas com representantes do regime. O embaixador da oposição em Paris descartou a participação de Assad ou de sua equipe no diálogo, mas a posição de Jatib provocou mal-estar no Conselho Nacional Sírio, principal força da coalizão, que não aceita um diálogo antes que o presidente sírio deixe o poder.

Mas Jatib impôs condições prévias: a libertação das 160.000 pessoas detidas e a renovação dos passaportes dos sírios no exterior para que não sejam detidos no retorno ao país. O governo sírio, que aspira organizar o diálogo em Damasco, não reagiu oficialmente à declaração.

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