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Bispo emérito Waldyr Novaes diz que ainda há muito o que mudar na igreja

Religioso participou do Concílio Vaticano II e admite que "ou a igreja muda ou perde todos os fiéis"

postado em 03/03/2013 08:00
Religioso participou do Concílio Vaticano II e admite que

[SAIBAMAIS]Waldyr Calheiros Novaes marcou a história política de Volta Redonda, no Rio de Janeiro, embora seja alagoano. Defendeu os oprimidos da ditadura e participou, no Concílio Vaticano II, em Roma, dos debates para a renovação da Igreja. Quando reacende lembranças, nada pode lhe calar. Nem o rangido da cadeira de balanço nem o ronco do caminhão que passa conseguem se sobrepor à voz calma e firme do homem. Após o descanso da sesta, o bispo emérito de Barra do Piraí e Volta Redonda, municípios no sul do Rio, seleciona as palavras ao recordar acontecimentos dos últimos 50 anos ; principalmente do Vaticano II, em que foi decidido, por exemplo, que as missas não seriam mais celebradas em latim e, sim, na língua local.



As mudanças foram positivas, segundo o religioso. A principal delas foi abandonar o modelo hierárquico ; aquele no qual o papa manda no bispo, que manda no padre, que manda nos fiéis ; para adotar um sistema circular, em que as paróquias são mais independentes. Com o tempo, as transformações foram perdendo força, tanto que até no papado de Bento XVI ;não havia muita esperança de que houvesse novidades;. Entretanto, a inesperada renúncia do líder pode ser um pontapé para modificações, diz o bispo. Agora, a expectativa é de que o novo dirigente retome os ideais de comunhão da Igreja e a proximidade com os fiéis, propostos no Concílio.

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Em um suspiro longo, ele admite que há muito o que transformar. Acaricia a aliança com Deus no dedo anelar, apoia as costas no encosto de sua cadeira de madeira e diz, em tom categórico: ;Ou a Igreja muda ou perde todos os fiéis. Ela precisa ser útil à sociedade;. A preocupação tem fundamento. O Brasil ainda é o país com mais católicos no mundo, com 123 milhões em uma população de 200 milhões. Entretanto, o último censo mostra que eles podem deixar de ser maioria em breve. Em dez anos, o percentual caiu de 74% para 64,6%. Um em cada quatro abandonaram a religião da década de 1970 até 2010.

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