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Especialistas descartam incompatibilidade entre islamismo e democracia

Eles culpam o ex-líder egípcio Mohamed Morsy pelo fracasso

Rodrigo Craveiro
postado em 07/07/2013 08:00
Eles culpam o ex-líder egípcio Mohamed Morsy pelo fracassoA Al-Ma;idah ; sura 5, versículo 48 do Corão ; defende a convivência pacífica entre a religião e o governo: ;A cada um de vocês, nós prescrevemos uma lei e um método. Se Alá quisesse, teria feito de vocês uma nação (unida na religião), mas (Ele pretendia) testar vocês no que Ele lhes deu;. O golpe militar no Egito representou a derrocada do presidente Mohamed Morsy, um líder que misturou o islã e a política, subvertendo sistemas e crenças seculares da sociedade. ;A sura Al-Ma;idah é a base de um consenso de sobreposição de valores políticos e religiosos, a fim de torná-los compatíveis com a governança democrática de uma sociedade multirreligiosa e multissectária no mundo muçulmano;, explicou ao Correio, por e-mail, o tanzaniano Abdulaziz Sachedina, professor de estudos islâmicos da George Mason University (em Fairfax, no Estado norte-americano de Virgínia). A convulsão nas ruas do Egito sinalizaria a fragilidade do islã político em um mundo árabe cada vez mais aberto ao Ocidente e coloca em questão o papel da democracia sob a tutela de Maomé. A Irmandade Muçulmana, facção à qual Morsy pertence, perdeu o poder e se viu caçada pelas Forças Armadas.

Segundo Sachedina, nos países islâmicos, a ;democracia radical; (baseada na justiça) é mais natural do que a ;democracia liberal; do Ocidente. ;A razão é óbvia: a corrupção, nos âmbitos político e econômico, exige uma governança democrática capaz de manter as autoridades sensíveis ao povo;, explica. ;Este é o secularismo do islã, que nega ao Estado a legislação sobre os temas da relação entre Deus e os humanos;, acrescenta. Autor de Islamic roots of democratic pluralism (;Raízes islâmicas do pluralismo democrático;, pela tradução livre), o especialista cita a sura 2, versículo 256 do Corão ; ;Nenhuma compulsão nos assuntos de religião; ; para lembrar que um governo não pode impor a religião a uma população, pois essa deve ser livremente negociada entre Deus e a humanidade, por meio da fé. ;A ausência de clérigos nas instâncias de poder possibilitou que as instituições religiosas se mantivessem livres da interferência do Estado;, exemplificou Sachedina.

Eles culpam o ex-líder egípcio Mohamed Morsy pelo fracasso

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