Mundo

Desde a chegada ao Vaticano, papa Francisco leva uma "vida normal"

Quando chegou como cardeal para participar do conclave, Francisco se instalou na casa de Santa Marta e ainda vive na residência

Agência France-Presse
postado em 19/07/2013 10:34
Cidade do Vaticano - A negativa de Francisco de utilizar o prestigiado apartamento situado no terceiro andar do palácio pontifício, usado por todos os papas desde o início do século XX, é apenas um dos símbolos da "vida normal" do pontífice argentino desde sua chegada ao Vaticano. Quando chegou como cardeal para participar do conclave, Francisco se instalou na casa de Santa Marta e ainda vive nesta residência de paredes amarelas, situada ao sul da basílica de São Pedro.

Formado nos jesuítas, Francisco é um papa austero e enérgico, que começa o dia às 5h, com duas horas de orações e meditação
Neste espaço que parece um hotel, com um grande hall de entrada, refeitório e salões, Francisco se sente confortável: vive em uma suíte do segundo andar de 100 m2, sobriamente mobiliada, com três ambientes. O papa passa a maior parte do tempo - desde que se levanta, entre as 04h30 e as 5h da manhã, até a hora de ir dormir, por volta das 22h - neste espaço, onde trabalha e recebe visitas informais.

[SAIBAMAIS]"Muitas pessoas pediram a ele que ocupasse o apartamento, mas ele resiste com determinação", afirma o porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi. Um cardeal que conhece bem Jorge Bergoglio tem uma explicação: "Não é que o apartamento pontifício seja obscenamente luxuoso, ou que Francisco queira mostrar sua humildade. Simplesmente não quer se isolar", afirma. O próprio Francisco explicou isso em uma carta enviada a um sacerdote argentino, Enrique "Quique" Rodríguez.



"Não quero viver no palácio apostólico, só vou ali para trabalhar e para as audiências. A casa de Santa Marta é uma casa para bispos, padres e laicos. Ali vivo diante dos olhos de todos e levo uma vida normal, missa pública pela manhã, café do manhã com os demais no refeitório. Isso me faz bem e faz com que não me sinta isolado", escreveu Francisco. Cerca de 60 pessoas vivem permanentemente em Santa Marta (cardeais, bispos e funcionários de alto escalão do Vaticano) e outras 60 pessoas costumam estar de passagem.

Apesar da presença do papa, a residência não está fechada aos hóspedes, mas a vida diária se complicou desde a chegada de Francisco. A gendarmaria e a Guarda Suíça precisaram se adaptar, com a supressão de um estacionamento próximo e a instalação de barreiras de segurança nos arredores.

Entre 13h e 14h, o pontífice almoça no salão geral de Santa Marta, onde tem uma mesa reservadaDisciplina, trabalho e meditação


Formado nos jesuítas, Francisco é um papa austero e enérgico, que começa o dia às 5h, com duas horas de orações e meditação, até ir às 7h a sua missa diária, onde cumprimenta os convidados e os sacerdotes. Após o café da manhã, no salão geral, com os demais moradores da residência, o papa dedica duas horas a trabalhar em um discreto escritório e lê os jornais. Depois vai de carro ao palácio apostólico para as audiências oficiais no luxuoso segundo andar. Ali recebe bispos, delegações, congregações, chefes de Estado e de governo até as 13h.

Quase nunca visita o terceiro andar do palácio, onde se localiza o apartamento papal, exceto aos domingos para o Ângelus, quando dá uma bênção à multidão do mesmo balcão utilizado por Bento XVI ou João Paulo II. Entre as 13h e as 14h, o papa volta a Santa Marta para almoçar no salão geral, onde tem uma mesa reservada. Às vezes convida outras pessoas para acompanhá-lo e com alguns de seus convidados prefere se instalar em uma pequena sala próxima.

Depois, o papa de 76 anos faz uma pequena sesta e dedica a tarde ao trabalho: realiza reuniões, lê documentos, fala pelo telefone (sempre com a saudação "Oi, é Bergoglio falando") e pede notícias sobre o estado de saúde de sua mãe. O papa volta a dedicar, entre as 19h00 e as 20h00, uma hora a rezar, e depois janta na companhia de outros sacerdotes no mesmo refeitório. Finalmente se retira ao seu quarto por volta das 21h00 e dorme finalmente às 22h30. Em sua carta ao sacerdote Rodríguez, Bergoglio escreveu: "Tento viver e agir como fazia quando estava em Buenos Aires. Se tentasse mudar, na minha idade, correria o risco de parecer ridículo".

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação