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Enviado da ONU exige presença de oposição síria 'crível' em conferência

A reunião, disse o diplomata argelino, "não será realizada sem uma oposição crível, que represente uma parte importante do povo sírio que se opõe" ao governo de Bashar al-Assad

Agência France-Presse
postado em 20/10/2013 12:57
Damasco - O emissário internacional para a Síria, Lakhdar Brahimi, exigiu neste domingo (20/10) a presença de uma oposição "crível" para a realização da conferência internacional de paz de Genebra, enquanto um novo atentado no centro do país deixou pelo menos 43 mortos. Brahimi, enviado especial da ONU e da Liga Árabe, reuniu-se neste domingo no Cairo com o secretário-geral da Liga Árabe, Nabil al-Arabi.

Arabi afirmou depois da reunião que a conferência internacional de paz, chamada de Genebra-2, será realizada no dia 23 de novembro, confirmando o que tinha sido anunciado pelo governo sírio há alguns dias.Mas o representante das Nações Unidas mencionou apenas o mês de novembro. "Houve acordo para a realização de Genebra-2 em novembro", mas "a data não foi fixada oficialmente", ressaltou Brahimi.

O emissário afirmou que o principal desafio será levar para esta reunião a oposição síria, muito dividida em relação à conveniência de sentar-se à mesma mesa para dialogar com o regime, quando no terreno seguem os bombardeios e os combates. A reunião, disse o diplomata argelino, "não será realizada sem uma oposição crível, que represente uma parte importante do povo sírio que se opõe" ao governo de Bashar al-Assad. A coalizão opositora deve decidir na próxima semana em Istambul se participa da conferência Genebra-2.

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O Conselho Nacional Sírio (CNS), seu principal integrante, adiantou na semana passada que não vai negociar com o regime na cidade suíça. Georges Sabra, líder do Conselho, advertiu que não se pode iniciar um processo de transição democrática enquanto civis sírios são atingidos pelo Exército e passam fome. "Ainda há muitas dificuldades a serem superadas para que esta conferência seja um êxito", reconheceu Nabil al-Arabi, depois de seu encontro com o emissário especial.

Brahimi anunciou que viajará agora ao Catar e à Turquia, dois países que apoiam a oposição, e também à Síria, embora o governo tenha imposto como condição que ele seja "imparcial", segundo informou neste domingo o jornal do governo Al-Watan. Depois ele viajará ao Irã, principal aliado do regime de Damasco, e, por fim, a Genebra, onde se reunirá com representantes dos governos russo e americano, que promovem a conferência de paz.

A realização deste encontro, anunciada semanas atrás, foi adiada em várias ocasiões, devido aos desacordos sobre quem deve participar e quais devem ser os objetivos. O regime descartou a saída antecipada do presidente Bashar al-Assad. Mas a oposição no exílio insiste que a transição deve ser realizada sem ele. A promoção da conferência de Genebra também será um ponto importante na agenda do secretário de Estado americano, John Kerry.

O secretário participa de um encontro dos Amigos da Síria na terça, em Londres, no qual estarão representantes da oposição e ministros de onze países ocidentais e árabes. O apoio a Genebra-2 se intensificou depois de Damasco ter aceitado em setembro um acordo que estabelecia a entrega do arsenal químico sírio e sua destruição.

Já a Arábia Saudita viu na gestão do conflito sírio por parte do Conselho de Segurança da ONU um sinal de "impotência", e, alegando isso, negou-se a ocupar um assento temporário no organismo a partir de 1; de janeiro. Nabil al-Arabi manifestou neste domingo seu apoio a Riad, enquanto outros países árabes estão pedindo à poderosa monarquia que reconsidere sua decisão.

Atentado suicida em Hama


No centro da Síria, um atentado com caminhão-bomba na estrada que liga Hama a Salamiyeh deixou pelo menos 43 mortos, entre eles soldados fiéis ao regime, indicou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), que se baseia em uma grande rede de militantes e de fontes médicas e militares na Síria. A agência de notícias oficial Sana indicou, por sua vez, 30 mortos e de dezenas de feridos.

No leste do país, perto da cidade de Deir Ezzor, os combates se intensificaram na manhã deste domingo. Alguns ativistas da União de Coordenadores da Revolução Síria denunciaram quatro ataques aéreos em zonas controladas pelos rebeldes na capital provincial.

No norte, a força aérea do regime atacou insurgentes que tentavam tomar a prisão principal de Aleppo, controlada pelo governo.

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