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Próximo das eleições, ao menos 49 pessoas morreram em protestos no Egito

Neste domingo, as forças de ordem foram reforçadas especialmente nos arredores de delegacias e postos policiais, mas quatro solados foram assassinados por homens armados no norte do Sinai

Agência France-Presse
postado em 26/01/2014 14:19
Cairo - As eleições presidenciais no Egito foram antecipadas e irão ocorrer em meados de abril, antes das legislativas, um calendário favorável ao general Abdel Fattah al-Sissi, chefe do exército e homem forte do país.

O anúncio do novo calendário eleitoral foi feito neste domingo pelo presidente interino Adly Mansour, um dia após a celebração do terceiro aniversário da rebelião que tirou Hosni Mubarak do poder, quando 49 manifestantes morreram e outros 247 ficaram feridos.

Apesar da convocação de novas manifestações de simpatizantes do presidente islamita Mohamed Mursi, o domingo foi calmo no Cairo.

Para os analistas, a eleição do presidente antes dos parlamentares deve favorecer o general al-Sissi - personalidade mais popular do Egito desde o anúncio da deposição de Mursi, em 3 de julho de 2013.

Algumas figuras políticas já disseram que não concorreriam com o general de 59 anos, cujo retrato pode ser visto em diversos locais do país, de lojas a ruas, e até prédios públicos.

Organizar eleições presidenciais antes das legislativas poderia ter um impacto nos resultados, segundo alguns especialistas, já que os candidatos tentarão estabelecer alianças com o presidente eleito a fim de ganhar votos.

[SAIBAMAIS]

Membros da Irmandade Muçulmana - confraria que faz oposição ao governo "de fato", da qual Mursi faz parte - e movimentos de jovens foram duramente dispersados neste sábado pela polícia. Durante as manifestações, muitos militantes gritavam "abaixo ao regime militar". Segundo fontes oficiais, cerca de 1.079 manifestantes foram presos no Cairo.

Entre os mortos estão pelo menos um membro do movimento 6-Abril, à frente da revolta de 2011 e opositor radical ao poder militar que deve garantir uma "transição democrática" até as eleições.

Neste domingo, as forças de ordem foram reforçadas especialmente nos arredores de delegacias e postos policiais, mas quatro solados foram assassinados por homens armados no norte do Sinai.

Também no Sinai - península que faz fronteira com a faixa de Gaza - cinco soldados morreram na queda de um helicóptero do exército. O atentado foi reivindicado neste domingo pelo Ansar Beit al-Maqdess, um grupo jihadista que se diz próximo à Al-Qaeda.

A região do Sinai virou um reduto de grupos jihadistas no Egito. Muitos deles atiram fopguetes em direção ao vizinho Israel.

As forças de ordem, visadas cotidianamente pelos atentados, dizem travar, desde a quada de Mursi, "uma guerra contra o terrorismo".

A maior parte dos atentados recentes contra as forças de ordem foi reivindicada por movimentos jihadistas que afirmam atuar em represália ao "massacre" dos pró-Mursi, mas sem vínculo direto com a Irmandade Muçulmana.

Desde o último 14 de agosto, quando policiais e soldados mataram mais de 700 manifestantes pró-Mursi em um dia de protestos no Cairo, mais de mil manifestantes islamitas morreram e vários milhares foram presos, incluindo a maior parte dos líderes da confraria.

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No sábado, no Cairo, policiais e soldados bloquearam com tanques os principais acessos à cidade e a emblemática praça Tahrir, epicentro da "Revolução de 25 de janeiro de 2011".

Já imprensa egípcia falava, neste domingo, sobre as manifestações de apoio às novas autoridades na praça Tahrir, e citou o "desafio do povo diante do terrorismo".

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