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Suíça é a favor da limitação da imigração em massa na União Europeia

O país não faz parte da União Europeia e é considerado como o Eldorado por muitos europeus em busca de emprego

Agência France-Presse
postado em 09/02/2014 16:20
Genebra - O suíços disseram "sim" a uma limitação da imigração, especialmente europeia, em um referendo cujo resultado terá consequências nas suas relações com a União Europeia. De acordo com os resultados oficiais, a proposta "Contra a imigração em massa", recebeu 50,3% dos votos a favor.

De iniciativa do partido UDC (direita populista), o texto obteve as duas maiorias necessárias para a sua adoção, a maioria dos cantões e a maioria dos votos. Concretamente, este referendo significa o fim do acordo de livre circulação de pessoas assinado com a UE em 2002, e que se traduzia em uma imigração em massa de europeus para a Suíça.

[SAIBAMAIS]O país deverá readotar o sistema de quotas e contingentes, que existia antes do acordo de livre circulação. O texto determina que o país deve gerir de forma autônoma a imigração de estrangeiros e estabelecer quotas anuais para os trabalhadores, em função "dos interesses econômicos globais da Suíça, e respeitando a preferência nacional".

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Em um comunicado, a Comissão Europeia "lamentou" a decisão dos suíços, indicando que "examinará as implicações desta iniciativa sobre o conjunto das relações entre a UE e a Suíça".

"É um mudança de sistema com grandes consequências para os suíços e para as nossas relações com a UE", considerou a ministra suíça da Justiça, Simonetta Sommaruga, para quem "este é um voto de desafio às autoridades" e "também um voto contra os meios econômicos".

O governo suíço deverá implementar "rapidamente e de forma consistente" o texto referendado, declarou ainda a ministra. Os "cidadãos suíços aceitaram a iniciativa popular ;contra a imigração em massa; e se pronunciaram em favor de uma mudança do sistema suíço de imigração", declarou.

O texto "prevê restringir a imigração por tetos e quotas, e o Conselho Federal irá realizar sem demora os trabalhos para implementar a decisão do povo", acrescentou. "O acordo sobre a livre circulação de pessoas com a UE será analisado", disse por sua vez Didier Burkhalter, ministro suíço das Relações Exteriores e atual presidente da Confederação Helvética. O ministro pediu a todos os partidos políticos para se sentar à mesma mesa para discutir formas de implementar o texto votado neste domingo.

Por sua vez, o sindicalista e deputado socialista Paul Rechsteiner, cujo partido fala de "derrota", considerou que "este foi um péssimo resultado. A Suíça precisa de boas relações com a UE". Para o patronato suíço, inicia-se "um período de incerteza para a economia do país, o que não é bom".

Há anos, a Suíça, um pequeno país alpino com oito milhões de habitantes e que não faz parte da União Europeia, é considerado como o Eldorado por muitos europeus em busca de emprego.

Quase 80.000 europeus se instalam a cada ano no país, o que é considerável insustentável pelos defensores do projeto. A Suíça mantém uma série de acordos bilaterais com a UE. Em 2013, os estrangeiros representavam 23,5% (1,88 milhão de pessoas) da população na Suíça.

Antes dos acordos de livre circulação com a UE, a percentagem de europeus era de 20%. Os italianos e alemães são maioria, com respectivamente 291.000 e 284.200 de imigrantes. Eles são seguidos pelos portugueses (237.000) e os franceses (104.000).

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