Mundo

Polícia tailandesa vai desalojar sede do governo ocupada por manifestantes

Milhares de policiais foram mobilizados na sexta-feira na capital da Tailândia para desalojar os manifestantes de vários locais ocupados por eles

Agência France-Presse
postado em 15/02/2014 09:44
Bangcoc - A polícia tailandesa prevê desalojar neste sábado o complexo governamental de Chaeng Wattana, no norte de Bangcoc, ocupado há semanas por manifestantes que reclamam a demissão da primeira-ministra Yingluck Shinawatra.

"Tentaremos negociar primeiro com os manifestantes", afirmou à AFP o chefe do Conselho de Segurança Nacional, Paradorn Pattanatabut.

As autoridades mobilizaram 1.200 policiais para tentar desalojar os quase cem manifestantes que ocupam o complexo. Um ajudante do monge budista responsável por este acampamento antigoverno assegurou que não deixarão o local.

Milhares de policiais foram mobilizados na sexta-feira na capital da Tailândia para desalojar os manifestantes de vários locais ocupados por eles.

Esta intervenção marca uma mudança inesperada na estratégia do governo, que havia preferido até o momento evitar os confrontos entre a polícia e os manifestantes durante esta crise, que já deixou ao menos dez mortos em três meses.

[SAIBAMAIS]

Os policiais antidistúrbios retomaram na manhã de sexta-feira as zonas próximas à sede do governo, onde os manifestantes não opuseram maior resistência.

O resultado da operação não estava claro. Após a saída dos agentes, os manifestantes voltaram à região para reconstruir as barricadas desmontadas pela polícia.

No entanto, o ministro do Trabalho, Chalerm Yubamrung, que supervisionava a operação, afirmou que os funcionários retomarão a partir de segunda-feira o trabalho na sede governamental depois de dois meses sem poder utilizá-la.

Os manifestantes convocaram novos protestos a partir desta sexta-feira para pedir a renúncia da primeira-ministra Shinawatra, que enfrenta desde o outono passado um movimento nas ruas que a considera um fantoche de seu irmão, Thaksin, o ex-chefe do governo deposto por um golpe de Estado em 2006.

O multimilionário, acusado de seguir governando o país através de sua irmã, continua sendo o principal fator de divisão do país, apesar de estar no exílio.

As massas rurais e urbanas desfavorecidas do norte e nordeste são fieis a Thaksin, enquanto as elites de Bangcoc o encaram como uma ameaça para a monarquia. Para tentar resolver a crise, Yingluck convocou eleições antecipadas no dia 2 de fevereiro.

Mas os manifestantes, que querem substituir o governo por um conselho do povo não eleito, impediram a votação em 10% dos colégios eleitorais.

Os 28 deputados que não puderam ser eleitos devido aos protestos impedem que o Parlamento tenha o quórum necessário de 95% para poder se reunir.

Leia mais notícias em Mundo

Nestas condições, ainda não foi anunciado nenhum resultado, o que prolonga o mandato de um governo com poderes limitados e vulnerável a uma intervenção da justiça que, segundo os analistas, pode levar a um "golpe de Estado judicial".

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação