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Bolívia e Brasil vão analisar impacto de represas em inundações amazônicas

"Há uma visita oficial do chanceler do Brasil para o dia 7 de abril. Vamos abordar esse tema, entre outros", informou o ministro boliviano das Relações Exteriores

Agência France-Presse
postado em 06/03/2014 18:02
La Paz - A relação entre o funcionamento de duas usinas hidrelétricas brasileiras e as inundações atuais na Amazônia boliviana será tratada pelos chanceleres de Bolívia e Brasil em um encontro em abril em La Paz, informou o governo de Evo Morales nesta quinta-feira (6/3).

"Há uma visita oficial do chanceler do Brasil (Luiz Alberto Figueiredo) para o dia 7 de abril. Vamos abordar esse tema, entre outros", informou o ministro boliviano das Relações Exteriores, David Choquehuanca, referindo-se ao efeito causado pelas represas Jirau e Santo Antônio, que estão em construção.

Os dois chanceleres também tratarão de temas econômicos, comerciais e relacionados com os hidrocarbonetos, acrescentou a Chancelaria. Choquehuanca informou que, na semana passada, funcionários de seu gabinete viajaram para o Brasil para se reunir com autoridades e discutir critérios sobre o impacto do aumento do nível das águas.



"Estabelecemos que uma comissão binacional trabalhe em algumas preocupações que surgiram em consequência das inundações que nossos irmãos sofreram no leste (Amazônia) boliviano. Um dos fatores pode ser essa construção das represas", acrescentou.

A chegada de Figueiredo acontece pouco depois que a ONG privada Lidema declarou em um documento público, na semana passada, que as inundações no departamento amazônico de Beni, no nordeste da Bolívia, estariam relacionadas às duas usinas.

"Várias organizações alertaram, desde 2007, sobre os riscos da forte alteração hidrológica da bacia do rio Madeira, a partir da construção das megarrepresas Jirau e Santo Antônio no Brasil. Santo Antônio se encontra a cerca de 180 quilômetros da fronteira com a Bolívia (muito perto da cidade brasileira de Porto Velho), e Jirau, a 85 quilômetros do território boliviano", declarou Lidema.

A maioria dos afluentes bolivianos, que cruzam os departamentos de Santa Cruz (leste), Beni (nordeste) e Pando (norte), desemboca no rio Madeira e, depois, no Amazonas.

O departamento amazônico de Beni é o mais atingido pelas inundações. Nesse local, pelo menos 100 mil cabeças de gado morreram, segundo a Federação de Pecuaristas de Beni e Pando.

Os temporais, que começaram em setembro passado e devem ir até meados de março, de acordo com o Serviço Meteorológico local, deixaram 60 mortos e mais de 60 mil famílias desabrigadas em todo o país.

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