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Líderes árabes defendem solução política em conflito da Síria

Segundo os representantes dos 22 membros da Liga Árabe, esta declaração deve permitir "uma transição política para a reconstrução do Estado

Agência France-Presse
postado em 26/03/2014 13:32
Cidade do Kuwait - Os líderes árabes, divididos e impotentes diante do conflito sírio, defenderam nesta quarta-feira (26/3) uma solução política, jogando um balde de água fria na oposição, que pediu armas sofisticadas em sua guerra contra o regime. Ao término de uma cúpula de dois dias no Kuwait, os líderes árabes se mostraram unidos ao rejeitar o reconhecimento de Israel como "Estado judeu", apoiando a posição palestina frente a esta demanda formulada por Israel nas negociações de paz.

Xeque Sabah al-Ahmad al-Sabah (C) e representantes da Liga Árabe em reunião no Kuwait
No conflito sírio, os participantes da cúpula pediram em sua declaração final "uma solução política com base na declaração de Genebra I", que prevê a instauração de um governo transitório no país. A declaração, adotada em junho de 2012, não informa o futuro do presidente Bashar al-Assad, que, segundo o governo, deve dirigir qualquer período de transição, uma exigência negada pela oposição.

Segundo os representantes dos 22 membros da Liga Árabe, esta declaração deve permitir "uma transição política para a reconstrução do Estado, e a conclusão de um acordo nacional para preservar a independência, a soberania e a integridade territorial da Síria". Esta posição é um revés para o líder da coalizão opositora síria, Ahmed Jarba, que na segunda-feira implorou aos líderes árabes para que "pressionem a comunidade internacional a fornecer armas sofisticadas aos combatentes" rebeldes.

Jarba recebeu o apoio da Arábia Saudita. O príncipe herdeiro, Salman Ben Abdel Aziz, estimou que "para sair do atoleiro na Síria, é preciso promover uma mudança na relação de forças em terra, fornecendo o apoio que a oposição merece". A Liga Árabe está dividida sobre a conveniência de derrubar o presidente sírio Bashar al-Assad, um extremo ao qual países como Iraque e Argélia se opõem.



O governo e a oposição da Síria mantiveram negociações no início do ano na Suíça, nas chamadas negociações de Genebra II, que concluíram sem nenhum avanço. Diante deste bloqueio da via diplomática, a cúpula do Kuwait convidou o Conselho de Segurança da ONU a "assumir suas responsabilidades" e pediu ao secretário-geral da Liga Árabe, Nabil al-Arabi, e ao mediador internacional, Lakhdar Brahimi, que trabalhem para encontrar uma solução negociada à disputa síria.

Apoio aos palestinos

Na questão palestina, uma das principais da cúpula, os líderes árabes proclamaram sua "rejeição total e categórica ao reconhecimento de Israel como um Estado judeu". Esta é uma condição levantada pelo governo de Benjamin Netanyahu para prosseguir com as negociações de paz entre israelenses e palestinos apadrinhadas pelos Estados Unidos. Mas o presidente palestino, Mahmud Abbas, insistiu que nunca cederá a esta exigência.

Netanyahu exige o reconhecimento do caráter judeu do Estado de Israel porque, segundo ele, a raiz do conflito entre os dois povos está no fato de os árabes serem contra um Estado judeu, e não pela ocupação dos Territórios Palestinos desde 1967. Os líderes palestinos se negam a este reconhecimento porque consideram que equivaleria a negar o "direito ao retorno" dos palestinos que se exilaram em 1948 quando o Estado de Israel foi criado.

Os palestinos afirmam que reconhecem Israel desde 1993, quando foram assinados os acordos de Oslo, e que esta exigência nunca foi feita ao Egito ou à Jordânia, os dois países árabes que assinaram tratados de paz com o Estado hebreu. Os líderes árabes também prometeram uma ajuda financeira mensal de 100 milhões de dólares à Autoridade Palestina, atualmente em apuros. A próxima cúpula anual da Liga Árabe será realizada no Cairo em março de 2015.

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