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Presidente francês nomeia Manuel Valls como primeiro-ministro

François Hollande prometeu "uma equipe unida, coerente e coesa", descrita como "um governo de combate", para "dar força para a economia"

Agência France-Presse
postado em 31/03/2014 16:10
Jean-Marc Ayrault renuncia ao cargo de primeiro-ministro e é substituído por Manuel Valls

Paris - No dia seguinte a uma estrondosa derrota da esquerda nas eleições municipais, o presidente francês, François Hollande, nomeou nesta segunda-feira (31/3) o até então ministro do Interior Manuel Valls para assumir um "governo de combate".

Forçado a realizar mudanças em sua equipe e a reorientar sua política, o presidente francês também se comprometeu a reduzir os impostos, em um discurso transmitido pela televisão. "Eu escutei a mensagem, ela é clara. Poucas mudanças e muita lentidão. Pouco emprego e muito desemprego. Pouca justiça social e muitos impostos", disse o chefe de Estado, em seu mais baixo nível de popularidade. "Confiei a Manuel Valls a missão de conduzir o governo da França. Será uma equipe unida, coerente e coesa. Um governo de combate", prometeu.

Seu primeiro gabinete, que durou menos de dois anos, tinha quarenta ministros que divergiam sobre uma série de questões.

Nascido em Barcelona e naturalizado francês aos 20 anos, Valls, de 51 anos, é mais popular entre a direita do que na esquerda.

Durante o seu último pronunciamento domingo à noite, ele considerou que os franceses expressaram "um descontentamento claro", ressaltando que a derrota nas eleições municipais "foi um fracasso local e nacional para a esquerda e para o governo".

Logo após o anúncio da nomeação, os dois ministros ecologistas (Cécile Duflot da Habitação e Pascal Canfin do Desenvolvimento) anunciaram em um comunicado que não participariam de um futuro governo com Manuel Valls, considerando que a escolha de François Hollande não foi "a resposta adequada aos problemas dos franceses".

"O afastamento" de Jean-Marc Ayrault "não será o suficiente para resolver os problemas" da França, reagiu o líder da direita (UMP), Jean-François Copé. "É uma mudança de política que os franceses esperam e não um mercado governamental", considerou Marine Le Pen, a líder do partido de extrema-direita Frente National (FN), que registrou um forte crescimento no domingo, vencendo as disputas por onze prefeituras.

Ameaça ecologista

Menos de dois anos depois de sua chegada ao poder, em maio de 2012, o presidente francês sofreu com esta eleição local uma derrota pessoal.

Os eleitores da esquerda não compareceram às urnas, o que fez com que o número de abstenções batesse um recorde. Eles não o perdoaram por sua incapacidade de reduzir o desemprego, como havia prometido. O número de desempregados em fevereiro atingiu um recorde de 3,34 milhões.

Em conjunto com o projeto "Pacto de Responsabilidade", que permitirá que as empresas contratem novos funcionários em troca de uma redução nos impostos, François Hollande anunciou nesta segunda-feira um "Pacto de Solidariedade", que inclui "impostos mais baixos para os franceses" até 2017 e "uma rápida diminuição das contribuições pagas pelos assalariados".

Várias personalidades da esquerda exigiram nos últimos dias uma mudança do presidente em sua gestão. É necessário "mudar o rumo" em direção a mais "solidariedade" para com os mais humildes, e "dizer aos nossos parceiros europeus que a política de austeridade, tal como tem sido conduzida, não é mais suportável", considerou o deputado socialista Jean-Christophe Cambadélis.

A ala esquerda do Partido Socialista manifestou sua surpresa com o anúncio da nomeação de Manuel Valls. A decisão de François Hollande é "precipitada", considerou um dos líderes socialistas, Emmanuel Maurel.

"É mais do que surpreendente nomear aquele que é o mais à direita no Partido Socialista", concordou a senadora socialista Marie-No;lle Lienemann.

Líder dos ecologistas no Senado, Jean-Vincent Local ameaçou romper com o governo e acabar com a maioria.

Ao perder nas municipais pelo menos 155 cidades com mais de 9.000 habitantes - algumas com a esquerda há mais de 100 anos -, os socialistas já não são mais a primeira força política da França.

Alain Juppé, ex-ministro das Relações Exteriores de Nicolas Sarkozy, disse que "a esmagadora derrota" da esquerda colocava a direita "de frente para as suas responsabilidades", com a obrigação de preparar "a alternância".

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