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EUA ameaçam Rússia com novas sanções se Genebra fracassar

Agência France-Presse
postado em 15/04/2014 21:57
Washington - Os Estados Unidos disseram nesta terça-feira que estão preparados para aplicar novas sanções à Rússia, em caso de fracasso da reunião internacional desta quinta, 17 de abril, em Genebra, e que tem como pauta a crise na Ucrânia.

No momento em que a tensão se eleva no leste ucraniano, depois que as autoridades de Kiev lançaram, nesta terça, uma operação militar contra os separatistas russófonos, a Casa Branca comemorou a postura do governo ucraniano.

As autoridades de Kiev se encontram em uma situação "insustentável" diante das revoltas separatistas, declarou a Casa Branca, qualificando as operações de "comedidas".

Fazendo um apelo pela contenção e "a todas as precauções necessárias", o porta-voz da presidência, Jay Carney, destacou que o governo ucraniano tem a "responsabilidade" de fazer respeitar a lei e a ordem.

"Entendemos que o governo da Ucrânia está trabalhando para tentar acalmar a situação no leste e observamos a abordagem comedida das forças de segurança ucranianas até o momento", declarou Carney.

Embora a força "não seja a melhor opção", completou Carney, "o governo ucraniano tem a responsabilidade de prover lei e ordem, e essas provocações no leste da Ucrânia estão criando uma situação, em que o governo tem de responder".

Já o presidente russo, Vladimir Putin, advertiu que a Ucrânia está "à beira de uma guerra civil" com o envio de tropas ucranianas para combater separatistas.

Em conversa por telefone com a chanceler alemã, Angela Merkel, Putin destacou que "a escalada brutal do conflito deixou a Ucrânia à beira de uma guerra civil", e os dois líderes "assinalaram a importância" das discussões em Genebra para "dar um sinal claro para reverter a situação de forma pacífica".

As ações do Exército ucraniano no leste do país apresentam "um recurso inconstitucional à força contra manifestações pacíficas", assinalou o Kremlin.

Mais cedo, o secretário de Estado americano, John Kerry, conversou por telefone com seus colegas francês, alemão e britânico, e com a alta representante para Política Externa e Segurança da União Europeia, Catherine Ashton, relatou a porta-voz do Departamento, Jennifer Psaki.

"Nossa equipe de Segurança Nacional está conversando sobre a próxima rodada de sanções", disse a porta-voz, acrescentando que a coordenação dos Estados Unidos com a União Europeia é "uma prioridade".

"Não apenas antecipamos sanções adicionais em algum momento, como estamos preparando passos adicionais", revelou.

A atualização das medidas de força pode incluir mais indivíduos na lista de restrições e até o bloqueio a alguns setores-chave, como mineração, energia e serviços financeiros.

Psaki afirmou, porém, que, "segundo os termos do calendário e da nossa abordagem estratégica, a próxima etapa deve ser, do nosso ponto de vista, quinta-feira, porque é a oportunidade para cada um se sentar ao redor de uma mesa e ter uma discussão".

"Achamos que sempre deve haver uma oportunidade e uma abertura para a diplomacia", insistiu Psaki.

A porta-voz americana disse ainda que uma reforma constitucional para a Ucrânia também pode estar na agenda: "essas são prioridades que até mesmo os russos disseram apoiar".

Kerry deve embarcar na quarta de manhã para Genebra, onde se reúne com os ministro europeus, ucraniano e russo, no dia seguinte, para tentar resolver a crise. Não há grandes expectativas de algum avanço significativo no encontro de Genebra.

Hoje, a Ucrânia enviou suas Forças Armadas e homens da Guarda Nacional para o leste do país. Segundo o comandante da operação, os rebeldes separatistas pró-Moscou serão "liquidados", se não baixarem as armas. Essa operação de alto risco foi duramente condenada pelo Kremlin, mas contou com o apoio de Washington.

A ofensiva deve aumentar a tensão com o vizinho russo, que estacionou, de acordo com a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), até 40 mil homens na fronteira entre os dois países. Em diferentes ocasiões, Moscou advertiu as autoridades pró-Europa de Kiev a não intervir contra os insurgentes.

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