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Em coletiva, cardeais contam detalhes da vida dos futuros santos

Canonizações de João Paulo II e João XXIII devem reunir mais de cinco milhões de fiéis, em cerimônia que deve começar às 10h (horário local) do domingo

Jacqueline Saraiva
postado em 25/04/2014 13:09


Vaticano - Enquanto milhares de fiéis e peregrinos se espalham pela Praça de São Pedro, na preparação para as canonizações de João Paulo II e João XXIII, o Vaticano concedeu, nesta sexta-feira (25/6), uma coletiva à imprensa sobre detalhes da vida dos futuros santos. Cardeais amigos aproveitaram o momento para dar depoimentos sobre a convivência e obras deles, exemplos de fé para a comunidade católica. Pela primeira vez, dois papas serão decretados santos em uma mesma cerimônia. A dupla canonização deve atrair pelo menos 5 milhões de pessoas, segundo estimativas não oficiais, marcada para começar às 10h (horário local) do domingo (27/6).

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O cardeal Stanislaw Dziwisz, arcebispo de Cracóvia, na Polônia, e secretário particular de João Paulo II, destrinchou a vida do papa polonês. Recordou, por exemplo, do atentado sofrido, em 1981, na Praça de São Pedro, e do sofrimento do pontífice nos últimos dias de vida, acompanhados por todo o mundo. "João Paulo II nos ensinou a sofrer em oração", disse o cardeal. Dom Dziwisz também destacou a importância do polonês para a "abertura da Igreja". "Foi por meio dele que o mundo conheceu a Igreja", ousou afirmar, frisado ainda o amor de João Paulo II pelos enfermos e pelos jovens.

Por videoconferência, o cardeal Loris Capovilla, secretário particular de João XXIII, comentou que o "papa bom", como ficou conhecido, era "um menino". Relembrou o sorriso e o jeito alegre de ser do homem que viu que morrer. "Celebrar a santidade de João XXIII será uma festa. O mundo estará unido nesta grande celebração", afirmou.

[SAIBAMAIS] Últimos preparativos

Telões já estão sendo espalhados pelo local para que a multidão esperada possa acompanhar imagens e som da missa. A praça está sendo preparada nos mesmos moldes do conclave e de qualquer outra grande celebração no Vaticano, embora oficialmente a Santa Sé tenha informado que será um evento simples. A movimentação começou a aumentar nesta manhã, com a chegada de grupos vindos de todas as partes do país. Ao contrário da época do conclave, o foco não está nos cardeais, que passam despercebidos pelo povo. A festa é toda dos fiéis.



Ao meio-dia, jovens espanhóis fizeram na praça a oração do Angelus, uma prece tradicional feita pela Igreja neste momento do dia. Seminaristas brasileiros cantaram "aleluia" e chamaram a atenção das redes de televisão de várias nacionalidades. A Basílica de São Pedro amanheceu com fotos de João Paulo II e João XXIII expostas ao lado da varanda principal da Basílica. Uma longa fila de jornalistas, que aguardavam a confirmação do credenciamento para a missa, também se formou na praça.

As cariocas Pâmela Ferreira, 33 anos, e Renata Tinoco, 25, farão vigília para participar da missa especial

É fácil encontrar bandeiras em verde e amarelo e ouvir português na Praça de São Pedro. Grupos de vários movimentos da Igreja e de diversas partes do Brasil estão em Roma para acompanhar a inédita dupla canonização do domingo. A maioria dos fiéis, incluindo os brasileiros, naturalmente demonstra um carinho maior por João Paulo II, morto em 2005 e dono do terceiro maior pontificado da história da Igreja: 27 anos. As cariocas Pâmela Ferreira, 33 anos, e Renata Tinoco, 25, farão vigília para participar da missa especial. "Nasci no pontificado de João Paulo II, ele é o papa do nosso século", diz Renata. "É claro que sabemos da importância de João XXIII, mas João Paulo II é mais próximo de nós", completa Pâmela.

;Virada; da Igreja

Para vários vaticanistas questionados pelo Correio, a avaliação é a mesma: as canonizações selam uma "virada" da Igreja desde a escolha de Francisco. O ato é considerado um golpe de mestre do papa Francisco para reconciliar duas visões da Igreja e balancear o culto à personalidade suscitada pelo carismático e conservador João Paulo II (1978-2005), primeiro Papa não italiano em mais de quatro séculos, e João XXIII (1958-63), que abriu a Igreja à pluralidade do mundo moderno.

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