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Exército faz ofensiva para recuperar cidade do leste ucraniano

As forças ucranianas perderam dois militares na queda dos helicópteros Mi-24, provocada por lança-foguetes portáteis, segundo o ministério da Defesa

Agência France-Presse
postado em 02/05/2014 09:45
Civis e as tropas ucranianas em um posto de controle perto da cidade de Slaviansk
O exército ucraniano lançou nesta sexta-feira (2/5) uma ofensiva para recuperar a cidade separatista pró-russa de Slaviansk (leste), na qual perdeu dois helicópteros, que foram derrubados, e onde observadores da OSCE estão detidos.

As forças ucranianas perderam dois militares na queda dos helicópteros Mi-24, provocada por lança-foguetes portáteis, segundo o ministério da Defesa, para o qual isto é obra de "grupos profissionais de sabotagem" e de "militares ou mercenários estrangeiros".

As autoridades ucranianas exigem que os terroristas, em referência aos separatistas pró-russos, "libertem os reféns, entreguem suas armas e deixem os edifícios", indicou no Facebook o ministro do Interior, Arsen Avakov, que disse estar no local dos incidentes com o ministro da Defesa.

"É um ataque total", declarou à AFP a porta-voz dos rebeldes, que reivindicam a derrubada dos helicópteros. A ofensiva começou às 04h30 da manhã em Slaviansk e na localidade próxima de Kramatorsk, afirmou Avakov.

Em Andriivka, a vários quilômetros de Slaviansk, os habitantes receberam ao grito de "Voltem para casa" e "Vergonha" uma dezena de blindados ucranianos que estavam estacionados depois de destruir um posto de controle pró-russo, constatou a AFP.

[SAIBAMAIS]Os militares dispararam para o ar para dispersar a multidão. Em Moscou, Dimitri Peskov, porta-voz do presidente russo, Vladimir Putin, condenou esta ofensiva, classificada por ele de operação de represália, que utiliza "a aviação para disparar contra localidades civis".

"O regime de Kiev lançou uma operação de represália que acaba com a última esperança sobre a viabilidade do acordo de Genebra", estimou Peskov, em alusão ao acordo fechado em meados de abril entre Ucrânia, Rússia, Estados Unidos e União Europeia para reduzir a tensão no país.

O porta-voz russo, que pediu ajuda da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa para deter esta ofensiva ucraniana, indicou que Moscou mobilizou um enviado na quinta-feira para negociar a libertação dos onze inspetores da OSCE detidos há uma semana pelos separatistas em Slaviansk.

Slaviansk é uma das doze cidades do leste da Ucrânia sob controle dos separatistas pró-russos, hostis ao poder pró-europeu instalado em Kiev após a queda do presidente Viktor Yanukovytch, em 22 de fevereiro.

Kiev acusa a Rússia de estar por trás de tudo isso. Moscou incorporou em março ao seu território a península da Crimeia.

A situação na Ucrânia e a libertação dos observadores da OSCE ocupará boa parte das negociações nesta sexta-feira na Casa Branca entre o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e a chanceler alemã, Angela Merkel. Os dois líderes terão sua primeira reunião cara a cara desde o início da crise ucraniana.

Frentes econômica, militar e diplomática


A batalha entre Kiev e Moscou prosseguia nas frentes militar, econômica e diplomática.

Considerando que a integridade territorial da Ucrânia está ameaçada, o presidente interino, Olexander Turchynov, reintroduziu na quinta-feira o serviço militar obrigatório na Ucrânia, para tentar enfrentar com meios mais eficazes a deterioração da situação no leste do país.

Pouco antes, 300 manifestantes pró-russos tomaram de assalto em menos de uma hora o Ministério Público regional em Donetsk, mostra da impotência das autoridades ucranianas em manter a ordem nesta província rebelde.

Na Lituânia, a Otan mobilizou cinco barcos no porto do mar Báltico para reforçar a defesa e tranquilizar os países membros da aliança nesta região, preocupados pela crise na Ucrânia, indicou o ministro lituano da Defesa, Juozas Olekas.



Em um esforço para privar de argumentos os separatistas, o governo interino de Kiev disse que considera realizar um referendo sobre a unidade e a descentralização do Estado em paralelo à eleição presidencial antecipada de 25 de maio.

O Fundo Monetário Internacional (FMI), que na quinta-feira aprovou um plano de ajuda de 17 bilhões de dólares para a Ucrânia, reconheceu que deverá modificá-lo se Kiev perder definitivamente algumas regiões do leste.

Segundo o FMI, as províncias do leste, como Donetsk, Lugansk ou Kharkiv, representam mais de 21% do PIB do país e 30% de sua produção industrial.

Os 17 bilhões de dólares prometidos pelo FMI, que serão desbloqueados ao longo de dois anos e estão condicionados a um programa de rigor, formam parte de um plano de apoio global de 27 bilhões, no qual também participam União Europeia e Banco Mundial.

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