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ONG de direitos humanos cobra posição dos Brics contra repressão na Rússia

Uma das preocupações da Human Hights Watch é a estigmatização da população LGBTT, já que, em 2013, a Rússia aprovou uma legislação que permite a propaganda anti-gay

postado em 15/07/2014 17:10
A Human Hights Watch quer que a presidente Dilma Rousseff se manifeste publicamente durante a 6; Cúpula do Brics (grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), em Fortaleza, contra o que a entidade considera violações de direitos humanos da Rússia, presidida por Vladimir Putin, que está participando da reunião no Brasil.

;O Brasil quer ser um líder global e almeja um assento no Conselho de Segurança da ONU [Organização das Nações Unidas]. Se quer ser líder, precisa ser mais protetivo dos direitos previstos na sua Constituição. A prevalência dos direitos humanos está consagrada na Constituição como um princípio mantenedor da política externa, então precisa privilegiar os direitos humanos dentro de suas relações com outros países;, disse a diretora da entidade no Brasil, Maria Laura Canineu. A sugestão da Human Hights Watch é que Dilma emita um comunicado oficial ao final da reunião condenando as violações de direitos no país de Putin.

;O discurso de que cada país tem seus próprios problemas permeia o discurso atual do governo federal de forma a impedi-lo de ter uma postura mais destacada com relação aos direitos humanos globalmente;, criticou a representante da organização.

[SAIBAMAIS]Em entrevista coletiva na capital paulista, Maria Laura disse que Putin tem liderado uma campanha repressiva contra a liberdade de expressão e outras liberdades individuais, o que levou a situação dos direitos humanos na Rússia a uma situação dramática. ;É, sem dúvida, o pior período desde a queda da União Soviética. É uma pretensa democracia, mas que tem sido realmente governada por mãos bastante repressoras de um presidente que está na cena política há muito tempo;, avaliou.

Segundo Maria Laura, atualmente, existe na Rússia uma concentração de poder sobre os veículos de comunicação, que são dominados pelo Estado ou por pessoas ligadas ao Estado, restringindo a liberdade de imprensa com normas que classificam os conteúdos como extremistas. ;Hoje se você tuitar ou retuitar um conteúdo que seja considerado extremista por parte das autoridades públicas, pode ser preso. E ninguém sabe exatamente classificar o que é extremista;.



Uma das preocupações da Human Hights Watch é a estigmatização da população de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros (LGBTT), já que, em 2013, a Rússia aprovou uma legislação que permite a propaganda anti-LGBTT, proibindo a disseminação de produtos e publicações para crianças que classifiquem as relações homoafetivas como algo normal.

;Isso é considerado estranho e prejudicial à sociedade russa, o que abriu uma porta para a total repressão a essas comunidades. O clima repressivo foi diminuído quando a Rússia recebeu as Olimpíadas de Inverno, mas agora já está tudo igual;, comparou.

Outro problema, de acordo com a organização, é a tentativa de Putin de exportar políticas contrárias aos direitos humanos. Segundo Maria Laura, o mandatário russo tem um discurso que busca o enfraquecimento dos mecanismos globais de proteção aos direitos humanos.

;Ele faz uma dicotomia de que a soberania nacional é muito mais importante do que a valorização dos direitos humanos e diz que um Estado soberano pode determinar como seus cidadãos exercem as suas liberdades individuais. Isso é perigoso porque já superamos essa discussão e existem mecanismos internacionais muito fortes para preservar os direitos humanos que todo cidadão tem;.

A reportagem procurou a Embaixada da Rússia, em Brasília, para repercutir as declarações da diretora da Human Hights Watch, mas não obteve resposta até a publicação da reportagem.

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