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Governo iraquiano tenta reduzir a tensão após ataque a mesquita

Depois do ataque, que deixou pelo menos 70 mortos, sunitas entraram em confronto com xiitas

Agência France-Presse
postado em 23/08/2014 09:58
Bagdá - O governo iraquiano tentava neste sábado (23/8) reduzir a tensão religiosa provocada pela morte de 70 pessoas em um ataque a uma mesquita, mas os atentados continuaram, com pelo menos 21 mortos na cidade de Kirkuk.

O governo dos Estados Unidos, que ajuda os iraquianos na luta contra os jihadistas do Estado Islâmico (EI) com armas, conselheiros e bombardeios aéreos, anunciou que examina diferentes opções para responder à decapitação por parte dos extremistas sunitas do jornalista americano James Foley, um ato classificado como "ataque terrorista".

Pelo menos 21 pessoas morreram e 118 ficaram feridas neste sábado na explosão quase simultânea de três carros-bomba em Kirkuk, no norte do país.

Dois carros-bomba explodiram perto de prédios em construção utilizados pelas forças de segurança como postos de observação. O terceiro foi detonado na entrada de um mercado.

[SAIBAMAIS]Kirkuk passou para controle curdo em 12 de junho, quando as forças do governo se retiraram diante do avanço dos insurgentes do EI.

Em Erbil, capital da região autônoma curda, um outro carro-bomba explodiu, deixando três feridos.



Um suicida detonou um veículo cheio de explosivos perto da sede do serviço iraquiano de inteligência, em pleno coração de Bagdá, e matou duas pessoas, segundo autoridades.

Os ataques acontecem depois de um atentado atribuído aos milicianos xiitas contra uma mesquita sunita na sexta-feira, na região de Hamrin, ao nordeste de Bagdá, matou 70 pessoas.

O ataque pode aumentar ainda mais o descontentamento da minoria sunita com o governo xiita, que por sua vez precisa da cooperação dos primeiros para combater o EI.

Apelo por unidade

O primeiro-ministro designado do Iraque, o xiita Haidar al-Abadi, que sucede o polêmico Nuri al-Maliki, acusado de ter provocado o caos ao marginalizar a minoria sunita (20%), fez um apelo por unidade de condenou o atentado, que pode complicar ainda mais as negociações para a formação do governo.

Em plena invasão americana do Iraque, os confrontos entre xiitas sunitas deixaram milhares de mortos em 2006 e 2007.

Em um artigo publicado no jornal Washington Post, o vice-presidente americano, Joe Biden, afirma que Washington apoiaria um sistema federal no Iraque com três regiões semiautônomas atribuídas aos xiitas, sunitas e curdos, ao mesmo tempo que defende a unidade.

Desde 8 de agosto, as forças americanas executam uma campanha aérea contra o EI no norte do Iraque. O grupo ameaçou matar um segundo refém americano, o jornalista Steven Sotloff, caso os ataques não sejam interrompidos.

Mas Washington cogita ampliar os ataques aéreos à Síria.

O vice-conselheiro nacional de Segurança, Ben Rhodes, afirmou na sexta-feira à noite que "qualquer estratégia contra o EI tem que acontecer dos dois lados da fronteira, no Iraque e na Síria".

Um oficial das Forças Armadas afirmou ao Wall Street Journal que os ataques contra alvos de alto nível, como líderes do grupo jihadista, podem ser organizados tanto em uma hora como em uma semana.

A França anunciou que o presidente iraquiano, Fuad Masum, apoia a ideia francesa de uma conferência internacional sobre a segurança no Iraque, que pode ser realizada em setembro.

Masud conversou por telefone com o mandatário francês, François Hollande.

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