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Mesquita aberta aos homossexuais é inaugurada na África do Sul

Com altos índices de violência política e social, a África do Sul é, paradoxalmente, um país onde a tolerância religiosa e a coexistência pacífica entre todas as religiões está enraizada na cultura nacional

Agência France-Presse
postado em 19/09/2014 17:11
Uma mesquita aberta aos homossexuais, que trata mulheres e cristãos em pé de igualdade, abriu suas portas na Cidade do Cabo nesta sexta-feira (19/9) sem qualquer incidente, apesar das ameaças de manifestações hostis. A "Open Mosque" (Mesquita Aberta) estava lotada de jornalistas para sua primeira sexta-feira de orações. Policiais estavam mobilizados ao redor do prédio, e alguns manifestantes muçulmanos se contentaram em protestar com frases como "Vocês vão para o inferno".

"Vamos acabar com isso, não importa como", disse um dos manifestantes à AFP em frente à pequena mesquita, uma antiga oficina localizada entre dois estacionamentos em um bairro da Cidade do Cabo. O sul-africano Taj Hargey, diretor do Centro de Educação muçulmana de Oxford, é o fundador da "Open Mosque", que ele vê como uma "revolução religiosa", que deve fazer parte da revolução política que foi a chegada ao poder de Nelson Mandela em 1994, após décadas de um sistema de segregação racial.



Em seu primeiro sermão, este teólogo condenou a crescente tensão no mundo entre muçulmanos e cristãos, atribuída por ele à "teologia pervertida" de países como a Arábia Saudita e o Paquistão, que abrem espaço para grupos fanáticos, como o Estado Islâmico ou o Boko Haram na Nigéria. Após as orações, Hargey disse aos jornalistas que havia sido alvo de ameaças físicas e psicológicas. "Eles ameaçaram me castrar, decapitar, enforcar. Mas a África do Sul tem a constituição mais liberal do mundo. Eles não poderiam nos impedir de abrir hoje".

Com altos índices de violência política e social, a África do Sul é, paradoxalmente, um país onde a tolerância religiosa e a coexistência pacífica entre todas as religiões está enraizada na cultura nacional. A África do Sul é uma nação predominantemente cristã, onde muitas igrejas coexistem. Mas o país conta com uma minoria de 737 mil muçulmanos - 1,5% da população -, em sua maioria de origem indiana, de acordo com dados do Centro de Pesquisa Pew. Esta não é a primeira polêmica em que Hargey se envolve. Na Grã-Bretanha, ele lançou uma campanha para proibir a burca.

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