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Regime sírio avança no sul; jihadistas tomam base no norte do país

Desde a noite de sexta-feira, o exército enfrenta grupos rebeldes e jihadistas da Frente al-Nosra 50 km a sudoeste de Damasco

Agência France-Presse
postado em 28/02/2015 13:55
Beirute, Líbano - As forças do regime sírio apoiadas pelo Hezbollah libanês avançaram neste sábado no sul da Síria, enquanto no norte do país os jihadistas da Frente al-Nosra se apoderaram de uma base importante.

Desde a noite de sexta-feira, o exército enfrenta grupos rebeldes e jihadistas da Frente al-Nosra 50 km a sudoeste de Damasco, declarou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

O exército conta com a ajuda do Hezbollah, de conselheiros dos guardiões da revolução iranianos e de milicianos xiitas iraquianos, acrescentou."As forças pró-regime avançaram e se apoderaram de três povoados e de várias colinas na província de Deraa, com o apoio da aviação" síria, disse o OSDH.

O objetivo é chegar até a linha de armistício com Israel nas Colinas de Golã e bloquear a estrada aos rebeldes e à Frente al-Nosra, o braço sírio da Al-Qaeda, que tentam avançar do sul até Damasco.A agência oficial síria SANA confirmou a tomada das colinas estratégicas no setor.

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Segundo os habitantes, a ofensiva surpreendeu os rebeldes, muitos dos quais morreram ou fugiram. Os rebeldes da Al-Nosra, que controlam uma faixa de território ao longo da fronteira jordaniana, haviam avançado nas províncias do sul, de grande importância por sua proximidade com Damasco, Jordânia e com o Golã ocupado por Israel.

No sul, os rebeldes e a Al-Nosra combatem juntos, mas no norte atuam separadamente. Perto de Aleppo (norte), a Al-Nosra expulsou os rebeldes sírios da base militar 46, depois de combates que deixaram 29 mortos nas fileiras do grupo rebelde sírio Hazem e seis nas dos jihadistas, informou o OSDH.

O Hazem é considerado um grupo rebelde moderado pelos países ocidentais em comparação com os jihadistas ultrarradicais.Neste sábado é esperado em Damasco o mediador da ONU para a Síria, Staffan de Mistura, que deseja a colocação em andamento o quanto antes de sua proposta de cessar-fogo em Aleppo.

Em meados de fevereiro, De Mistura afirmou que o regime sírio está disposto a suspender os ataques aéreos e os disparos de artilharia contra Aleppo por seis semanas para permitir um cessar-fogo localizado. A suspensão começará "a partir de uma data que será anunciada em Damasco", havia declarado.

"Quer começar a colocar em andamento seu projeto o quanto antes, e para isso se reunirá com autoridades sírias em Damasco, onde chegará durante a tarde", declarou um de seus conselheiros que pediu o anonimato.

Ao mesmo tempo, em Kilis, uma localidade turca fronteiriça com a Síria, "políticos e militares da oposição e membros da sociedade civil de Aleppo se reunirão para anunciar sua posição sobre a iniciativa", declarou à AFP um funcionário do gabinete da Coalizão da oposição.

"O chefe da Coalizão, Khaled Hoja, estará presente na reunião, que durará até domingo. Terminará com o anúncio da implementação de um comitê de acompanhamento que permanecerá em contato com De Mistura sobre este tema", acrescentou.

De Mistura já havia pedido a Damasco que "facilite o envio ao local de uma missão da ONU" encarregada de escolher "um distrito de Aleppo" como teste para um cessar-fogo.

Segundo o vice-ministro das Relações Exteriores sírio, Faisal Moqdad, citado pelo jornal sírio Al-Watan, De Mistura propôs suspender as hostilidades em dois bairros de Aleppo, Salaheddin e Seif al-Dawla. O governo sírio quer começar por Salaheddin.

Em um encontro na quarta-feira com parlamentares franceses, o presidente sírio, Bashar al-Assad, declarou seu apoio à iniciativa de De Mistura e a ações de cessar-fogo locais, segundo os participantes da reunião.

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