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Capitão do barco é acusado pela morte de 800 imigrantes no Mediterrâneo

A responsabilidade do capitão do barco, um tunisiano de 27 anos, Mohammed Ali Malek, é inquestionável, segundo a procuradoria de Catânia

Agência France-Presse
postado em 21/04/2015 17:27
O capitão da embarcação lotada com centenas de imigrantes e que naufragou no fim de semana foi apontado pela procuradoria italiana como o único responsável pela tragédia, uma das piores já ocorrida o Mar Mediterrâneo. Ainda abalados e exaustos, os sobreviventes deste novo desastre marítimo, que teria matado cerca de 800 pessoas, chegaram nesta terça-feira à Sicília, junto com dois traficantes de seres humanos que foram presos.

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[SAIBAMAIS]A responsabilidade do capitão do barco, um tunisiano de 27 anos, Mohammed Ali Malek, é inquestionável, segundo a procuradoria de Catânia, na Sicília, já que o homem provocou o naufrágio por ter sobrecarregado o barco e se mostrar sem condições de realizar manobras adequadas. Esta catástrofe tem duas causas principais, segundo a justiça, em um comunicado. "Por um lado, as manobras equivocadas decididas pelo comandante do barco que, em uma tentativa de abordar o cargueiro (que acudiu em socorro), provocou a colisão com esta embarcação maior", afirmou a fonte.

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"Por outro lado, o excesso de passageiros do barco, que perdeu o equilíbrio por causa dessas manobras equivocadas e pelo deslocamento dos imigrantes a bordo", acrescentou. O barco afundou por esses motivos, enfatizou o texto. A procuradoria também destaca que o cargueiro português que tentou socorrer os imigrantes "não contribuiu em absoluto para o naufrágio".

O balanço oficial da tragédia é de 24 mortos e 28 sobreviventes, mas o número de desaparecidos soma cerca de 800 pessoas, entre elas crianças e mulheres, segundo organizações humanitárias internacionais. Em Nova York, o Conselho de Segurança da ONU condenou o pior de uma série de naufrágios no Mediterrâneo e exigiu o fortalecimento da resposta global aos problemas migratórios e ao tráfico de seres humanos.

Os 15 membros do Conselho manifestaram seu apoio aos países do sul da Europa, que enfrentam o fluxo de refugiados e pediram para "fortalecer a resposta global a este desafio comum, com a finalidade de proteger os migrantes de serem vítimas dos traficantes de seres humanos". Em uma declaração unânime, o Conselho de Segurança condenou "o crime transnacional organizado e as atividades ilícitas como o contrabando de migrantes", ao mesmo tempo que destacou que isto tem um impacto na estabilidade da região.

Na segunda-feira, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, já tinha pedido que a Europa redobre os esforços para enfrentar esta crise e lembrou que Itália, Grécia e Malta "têm a carga mais pesada" ao lidar com a maciça chegada de refugiados.

"O Mediterrâneo se transforma rapidamente em um mar de sofrimento para milhares de imigrantes", disse Ban.

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