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Presidente Raul Castro fará visita ao papa Francisco no domingo

O Vaticano já havia anunciado em meados de abril que o Papa argentino pisaria em Cuba em setembro, antes de uma visita planejada aos Estados Unidos

Agência France-Presse
postado em 05/05/2015 16:03

Vaticano - O presidente cubano, Raúl Castro, será recebido no domingo no Vaticano pelo papa Francisco, informou nesta terça-feira o porta-voz da Santa Sé, padre Federico Lombardi.

Raúl Castro será recebido na parte da manhã em uma reunião "estritamente privada", acrescentou em um comunicado.O Vaticano já havia anunciado em meados de abril que o Papa argentino pisaria em solo cubano em setembro, antes de uma visita planejada aos Estados Unidos.

Esta será a primeira visita ao país do papa Francisco, que desempenhou um papel importante no restabelecimento das relações diplomáticas entre Cuba e os Estados Unidos em dezembro passado. O Vaticano havia informado a mediação pessoal do soberano pontífice no caso.

Castro recebeu em 27 de abril, em Havana, o prefeito da Congregação para o Clero do Vaticano, o cardeal Beniamino Stella, com quem conversou sobre a visita à ilha do papa Francisco.

Stella, que foi núncio em Havana entre 1993 e 1999, e Raúl Castro tiveram um "encontro cordial" no qual "dialogaram sobre temas de interesse mútuo, particularmente sobre a próxima visita a Cuba de sua Santidade o papa Francisco", segundo um comunicado oficial.

A Igreja se tornou um interlocutor privilegiado do governo comunista cubano e Francisco mediou a aproximação dos presidentes Barack Obama e Raúl Castro, o que possibilitou o restabelecimento das relações entre Cuba e Estados Unidos, anunciado em 17 de dezembro.

Em um comunicado, o Vaticano confirmou na época que Jorge Bergoglio havia enviado uma carta aos presidentes cubano e americano e que o Vaticano tinha recebido delegações dos dois países em outubro.

O chanceler cubano, Bruno Rodríguez, estimou em 22 de abril que a aguardada visita do papa a Cuba será "memorável". "A presença de Sua Santidade em Cuba será memorável", disse Rodriguez, em coletiva de imprensa com a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini.

Francisco será o terceiro papa a visitar Cuba em 17 anos, depois de João Paulo II, em janeiro de 1998, e Bento XVI, em março de 2012.

Em 1998, a visita do papa João Paulo II marcou o fim da disputa entre o governo comunista cubano e a Igreja Católica, depois de um período de grande tensão após a revolução de 1959.

Como um gesto de boa vontade ao Papa polonês, Fidel Castro restaurou em 1998 o feriado do Natal, que havia sido eliminado no final dos anos 60.Durante a visita de Bento XVI em 2012, o presidente Raúl Castro restaurou o feriado da Páscoa.


Aprofundando laços bilaterais

A viagem de Francisco a Cuba e aos Estados Unidos servirá para legitimar de forma irrefutável o processo de aproximação entre dois antigos adversários, avaliaram nesta terça-feira, em Washington, acadêmicos cubanos.

Esta visita "será um feito histórico que dará legitimidade ao processo de restabelecimento das relações e também à valentia dos dois países em dar este passo", avaliou o acadêmico cubano Roberto Veiga, durante coletiva de imprensa na capital americana.

Mas, "esta visita dará legitimidade também ao processo interno em Cuba", que nos últimos anos se moveu em direção a uma tímida abertura e à modernização econômica, disse Veiga, um dos responsáveis pelo círculo de reflexão política Cuba Posible, sediado em Havana.

Veiga - um advogado especialista em Ciências Políticas que, durante vários anos foi editor da revista Espacio Laical, ligada à Arquidiocese de Havana - lembrou do papel de Francisco e da Igreja Católica na aproximação entre Cuba e Estados Unidos.

Durante mais de um ano, a Igreja católica proporcionou secretamente suas instalações para reuniões entre altos funcionários de Washington e Havana, em um processo que levou ao anúncio histórico de 17 de dezembro sobre o início do processo para restabelecer os laços diplomáticos.

Francisco "promove um discurso centrado na humildade, na horizontalidade e na tolerância, e se trata de um discurso que se conecta diretamente com as aspirações dos cubanos", disse Veiga.

O sociólogo cubano Leiner González, lembrou, por sua vez, que "Cuba passou de ser um país ignorado pelos papas, ao receber a visita dos três últimos" pontífices em menos de 20 anos e destacou que Bento XVI esteve em Havana em apoio declarado à incipiente abertura econômica.

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