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Irã e grandes potências prorrogam negociações sobre questão nuclear

Discussão deve permitir um acordo histórico para garantir que Teerã não procure adquirir a bomba atômica, em troca de um levantamento da sanções contra a sua economia

Agência France-Presse
postado em 07/07/2015 11:49
Viena, Áustria - O Irã e as grandes potências anunciaram nesta terça-feira (7/7) que vão prolongar mais uma vez por alguns dias as negociações em vista de um acordo sobre o programa nuclear iraniano, com vários pontos delicados em suspenso após onze dias de maratona diplomática em Viena. "Vamos continuar as discussões ao longo dos próximos dias", anunciou a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, poucas horas antes do prazo limite fixado pelas partes, nesta terça-feira à noite.

"É difícil, mas todos nós sabemos que temos uma enorme responsabilidade que não devemos desistir", acrescentou Mogherini, ressaltando que as partes desejam "utilizar ao máximo" esta "janela" de oportunidade para fechar o caso. Neste sentido, a porta-voz do Departamento de Estado americano, Marie Harf, as negociações nucleares poderão continuar até sexta-feira, dia 10 de julho. Já uma autoridade iraniana, garantiu que Teerã "não tem um prazo".

As negociações intermináveis sobre o programa nuclear iraniano, iniciadas há anos, mas lançadas verdadeiramente em novembro de 2013, deve permitir um acordo histórico para garantir que Teerã não procure adquirir a bomba atômica, em troca de um levantamento da sanções contra a sua economia. Estes diálogos levaram a um acordo-quadro em 2 de abril, em Lausanne, que deveria servir para a montagem do texto final, atualmente em discussão em Viena. "Como previsto, não está sendo fácil. Houve períodos de tensão, mas as negociações continuam", declarou o chanceler francês Laurent Fabius, que deixa a capital austríaca nesta terça-feira para retornar na quarta à noite.



[SAIBAMAIS]Porque depois de 11 dias de duras negociações entre o Irã e o grupo 5%2b1 (Estados Unidos, Grã-Bretanha, Rússia, China, França e Alemanha), as negociações acabam esbarrando em questões "decisivas".

Embargo sobre as armas
O ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, citado pela agência Interfax, comentou que um dos principais problemas a ser resolvido entre Teerã e seus interlocutores ocidentais é a questão do embargo sobre as armas imposto ao Irã pelo Conselho de Segurança da ONU em 2010. "As partes estão de acordo que a maioria das sanções devem ser levantadas, mas resta um grande problema referente às sanções, o do embargo sobre as armas", enfatizou Lavrov.

Um diplomata iraniano confirmou que esta questão "faz parte dos pontos importantes que ainda não foram resolvidos". Teerã quer uma suspensão substancial e rápida das sanções, sobretudo aquelas adotadas após 2006 pelo Conselho de Segurança da ONU. O grupo 5%2b1, por sua vez, insiste em um processo progressivo e reversível, caso a República Islâmica não cumpra com seus compromissos.

Lavrov evocou nesta terça-feir aum total de "oito ou nove" questões ainda suspensas. Um outro ponto de bloqueio diz respeito à PMD, a possível dimensão militar do programa nuclear iraniano ao menos até 2003, sobre a qual a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) quer esclarecer. Neste sentido, uma fonte iraniana afirmou que o Irã e a AIEA deram um "grande passo" nas discussões para solucionar as questões pendentes sobre a PMD.

Uma delegação da agência da ONU fez uma visita de 24 horas a Teerã, poucos dias depois da viagem do diretor da AIEA, Yurika Amano, ao país para tentar obter avanços no acordo de novembro de 2013 para investigar as atividades nucleares suspeitas do Irã no passado. "Irã e AIEA deram um grande passo para resolver as questões pendentes com o objetivo de chegar a um acordo fundamental sobre os temas e o calendário da cooperação entre ambos", afirmou o porta-voz da Organização Iraniana da Energia Atômica, Behruz Kamalvandi, citado pela agência oficial IRNA.

Kamalvandi, que não revelou detalhes sobre o teor da discussões de segunda-feira, considerou as conversações "construtivas e com um olhar voltado para o futuro". A segunda visita da agência "mostra a séria determinação das duas partes para reforçar a cooperação", completou. A AIEA suspeita que o Irã realizou pesquisas, pelo menos até 2003, para produzir a bomba atômica e deseja ter acesso aos cientistas envolvidos, assim como aos documentos e locais que podem ter abrigado os estudos. Mas Teerã, que nega as acusações, se recusa a permitir acesso aos inspetores.

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