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Mianmar liberta 6.966 de prisioneiros, incluindo 210 estrangeiros

A boa conduta na prisão dos condenados motivou o governo a libertá-los

Agência France-Presse
postado em 30/07/2015 09:29
Mianmar ordenou nesta quinta-feira a libertação de milhares de prisioneiros, entre eles 210 estrangeiros, em uma anistia em massa, sinal da "boa vontade das autoridades".

[SAIBAMAIS]Sob a ordem do presidente Thein Sein, Mianmar liberará um total de 6.966 prisioneiros em todo o país por boa conduta, indica um comunicado do ministério da Informação. Esta decisão é um sinal de "boa vontade" das autoridades, que "buscam manter relações de amizade entre os países", acrescenta o texto.

Entre os prisioneiros libertados figuram 155 chineses que haviam sido condenados na semana passada a longas penas por exploração madeireira ilegal e tráfico de madeira no norte do país, explicou sob o anonimato um responsável do ministério do Interior. Estes últimos foram libertados nesta quinta-feira da prisão de Myitkyina, de acordo com um membro de um grupo de defesa de prisioneiros políticos.

Hong Lei, porta-voz chinês do ministério das Relações Exteriores, disse estar "atento às medidas tomadas por Mianmar" e disse que os madeireiros serão repatriados à China na sexta-feira. Estas condenações foram acolhidas com indignação na China e o governo pediu que Mianmar fosse razoável, num momento de crescente tensão entre os dois países vizinhos.



Com exceção destes madeireiros chineses, as autoridades não especificaram se entre os libertados há presos políticos. Trata-se de uma nova anistia decretada pelo governo civil, que já libertou centenas de dissidentes.

Prova democrática

As reformas adotadas pelo governo quase civil de Thein Sein, no poder desde 2011, foram acolhidas positivamente. A abertura do país se concretizou com a anistia de milhares de prisioneiros políticos e a entrada no Parlamento do partido da oposição e da opositora e prêmio nobel da Paz Aung San Suu Kyi. Esta pequena revolução permitiu o levantamento da maioria de sanções ocidentais contra este país que celebrará em novembro eleições legislativas cruciais, uma prova importante para a democracia.

A importância destas eleições é ainda maior se for levado em conta que agora o governo é acusado de recuar em suas reformas. Centenas de ativistas e manifestantes foram presos nos últimos meses e a liberdade de imprensa no país ainda não é garantida. Neste contexto, as anistias às vezes são vistas mais como uma estratégia política por parte do regime.

Os madeireiros chineses foram presos em janeiro durante uma onda de repressão contra a exploração ilegal de madeira no estado de Kachin, no norte do país. Nesta região alvo de um conflito entre o exército e rebeldes, as duas partes são acusadas de explorar ilegalmente os recursos naturais em benefício de empresas chinesas. Os madeireiros chineses foram condenados a penas de até 20 anos de prisão, de acordo com um funcionário da região.

Durante a ditadura militar birmanesa, a China se manteve como um aliado próximo e um importante sócio comercial. Em troca, muitas empresas chinesas se implantaram em Mianmar para explorar os grandes recursos mineradores, hidráulicos e florestais do país.

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