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Ao menos dez pessoas morrem e 15 ficam feridas após explosão em Istambul

O governo turco suspeita que a explosão tem origem "terrorista"

Agência France-Presse
postado em 12/01/2016 07:56

Socorristas resgatam os feridos nos atentados

Istambul, Turquia - Ao menos dez pessoas, nove delas alemãs, morreram nesta terça-feira em um atentado suicida cometido no bairro de Sultanahmet, o mais turístico de Istambul, atribuído pelo governo a um sírio jihadista do grupo Estado Islâmico.

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, declarou que o ataque foi lançado por "um terrorista suicida de origem síria", enquanto o primeiro-ministro, Ahmet Davutoglu, disse que o homem pertencia ao grupo extremista Estado Islâmico.

"Determinamos que o autor deste ataque terrorista no (bairro de) Sultanahmet é um estrangeiro membro do Daesh (acrônimo em árabe do EI)", declarou Davutoglu à televisão, falando de Ancara.

O porta-voz do governo, Numan Kurtulmus, havia anunciado pouco antes que o autor do ataque era um sírio nascido em 1988.

Falando à AFP, uma autoridade turca informou que ao menos nove dos 10 mortos eram alemães, e Davutoglu telefonou para a chanceler alemã, Angela Merkel, para oferecer suas condolências, informou a mídia estatal.

Policiais turcos isolam a área onde aconteceu o ataque

O primeiro-ministro garantiu a Merkel que "os detalhes da investigação serão compartilhados com a Alemanha e que será feito todo o possível para (atender) aos alemães feridos", disse uma fonte governamental à AFP.

Merkel, por sua vez, declarou que este mais recente ataque aprofundará a determinação alemã em combater o terrorismo internacional.

"Hoje atingiu Istambul, já atingiu Paris, já atingiu a Tunísia, já atingiu Ancara", declarou a chanceler em uma coletiva de imprensa em Berlim.

Pouco depois da explosão, a Alemanha alertou seus cidadãos para evitarem locais turísticos em Istambul, uma cidade de 14 milhões de habitantes.

Segundo a agência Dogan, nove alemães e dois peruanos estão entre os feridos.

A Turquia está em estado de alerta após o atentado de três meses atrás em frente à estação central de Ancara, o mais grave de sua história, no qual 103 pessoas morreram e que foi atribuído ao grupo jihadista Estado Islâmico (EI).

População que estava próxima ao local dos atentados foi retirada pela polícia

Erdogan, acusado de ser indulgente com os jihadistas sírios, decidiu finalmente no ano passado participar da coalizão internacional contra o jihadismo e prendeu muitos supostos membros do EI.

A potente explosão foi registrada às 10h18 locais (06h18 de Brasília) em uma grande esplanada próxima à Basílica de Santa Sofia e da Mesquita Azul, dois dos monumentos mais visitados da cidade, a maior do país.

As primeiras fotos mostram corpos desmembrados no chão.


Bola de fogo

"Ouvi uma forte explosão e depois muitos gritos. Posteriormente vi uma bola de fogo e comecei a correr", explicou à AFP um homem que não forneceu seu nome. "Estou completamente certo de que não era uma bomba, mas um atentado suicida", acrescentou.

"A explosão foi tão forte que o chão tremeu", confirmou Caroline, uma turista. "Fugi com minha filha e nos refugiamos em um edifício próximo (...) Foi realmente terrível", explicou.

A detonação foi ouvida até na praça Taksim, a vários quilômetros de distância do bairro de Sultanahmet, disse uma testemunha à AFP.

A Turquia vive em estado de alerta permanente desde o duplo atentado suicida de 10 de outubro em Ancara, que deixou, além dos 103 mortos, 500 feridos. O ataque era dirigido contra manifestantes pró-curdos reunidos diante da estação.

Em janeiro de 2015, uma mulher suicida originária do Daguestão russo, que segundo a imprensa havia lutado com os jihadistas na Síria, detonou seus explosivos em frente a uma delegacia de Sultanahmet matando um policial.

"O modus operandi, um suicida, e o alvo sugerem um atentado jihadista", disse nesta terça-feira à AFP um diplomata ocidental. "Se for o caso, quer dizer que o Daesh (acrônimo em árabe do EI) decidiu atacar o Estado turco", acrescentou o diplomata, lembrando que até agora o alvo dos jihadistas na Turquia eram os curdos.

Desde o ano passado a Turquia está afundada em um novo conflito entre as forças de segurança e o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), rompendo o frágil cessar-fogo que havia durado dois anos.

Os rebeldes turcos atacam principalmente militares e policiais, embora em 23 de dezembro uma organização armada curda, os Falcões da Liberdade do Curdistão (TAK), tenha reivindicado o ataque contra o aeroporto Sabiha G;kçen de Istambul que deixou um morto e um ferido.

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