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Grécia é pressionada a melhorar controle de fronteira com Turquia

Os ministros do Interior devem voltar a discutir nesta segunda-feira a possibilidade de estender até dois anos o restabelecimento dos controles fronteiriços localizados dentro do espaço de livre circulação Schengen

Agência France-Presse
postado em 25/01/2016 12:44
A Grécia enfrentava nesta segunda-feira a pressão de seus parceiros europeus para melhor controlar a sua fronteira com a Turquia, a principal porta de entrada de migrantes na União Europeia (UE), em uma reunião em Amsterdã, também dedicada à luta contra o terrorismo.

Numa segunda frente, o encontro informal dos ministros do Interior da UE, sem decisão esperada, é também uma oportunidade para os 28 discutir a partilha de informações, o principal desafio do novo Centro Europeu de Combate ao Terrorismo, lançado oficialmente nesta segunda-feira. Mas antes de iniciar as discussões sobre o tema, foi sobre a crise migratória, que tem minado a unidade da UE, que os ministros se manifestaram na chegada a Amsterdã (Holanda).

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A Áustria voltou a apontar Atenas, que ela já havia ameaçado no sábado de "exclusão temporária" do espaço Schengen de livre circulação. O espantalho não foi agitado por outros, mas vários ministros também instaram a Grécia a fazer um esforço. "É um mito que a fronteira greco-turca não pode ser protegida, a marinha grega tem capacidade suficiente para garantir essa fronteira", declarou a ministra austríaca do Interior, Johanna Mikl-Leitner. Se a Grécia não agir, "a fronteira externa da Europa vai mudar para a Europa Central", advertiu Mikl-Leitner em sua chegada à reunião.

Schengen ameaçado

O seu homólogo alemão, Thomas de Maizi;re, também instou a Grécia a "fazer a lição de casa", mas sem usar o mesmo tom ou endossar as ameaças de exclusão, juridicamente impossível.

"O fato é que queremos salvar Schengen, queremos soluções europeias comuns, mas o tempo está se esgotando", disse Maizi;re, acreditando que o ponto-chave é uma rápida implementação do acordo da UE com a Turquia para conter o fluxo de imigrantes para a Europa.

Em Ancara, a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, afirmou nesta segunda-feira que os três bilhões prometidos por Bruxelas para a Turquia para manter os imigrantes em seu território, principalmente refugiados sírios, estaria disponível "dentro de um prazo razoável". A Itália e a Espanha também pediram um reforço do controlo das fronteiras externas, mas também insistiram que não se deve "isolar" a Grécia.

[SAIBAMAIS]Os ministros do Interior devem voltar a discutir nesta segunda-feira a possibilidade de estender até dois anos o restabelecimento dos controles fronteiriços localizados dentro do espaço de livre circulação Schengen. O período máximo destes restabelecimentos é normalmente de seis meses. Eles também devem discutir a proposta da Comissão Europeia para criar um corpo europeu de guarda costeira e guardas de fronteira para recuperar o controle das fronteiras externas da União.

A ideia do executivo europeu tem provocado atrito. Mas mesmo entre os países favoráveis, o desejo da Comissão de poder fazer intervir este novo corpo em um país que não o quiser é irreal.

A partilha de informações entre os europeus na luta contra o terrorismo é o outro grande tema da reunião de Amsterdã, durante a qual deve ser apresentado oficialmente o novo Centro Europeu de Combate ao Terrorismo no âmbito da Europol, o gabinete europeu de polícia.

Trata-se de "uma estrutura permanente, decidida a nível político, que estabelece pela primeira vez na Europa um centro de operações dedicado que funciona em todo o continente em questões sensíveis terroristas", explicou no sábado à AFP o diretor da Europol, Rob Wainwright.

Esta plataforma deve atender a uma das principais lacunas na luta contra o terrorismo a nível europeu: o compartilhamento insuficiente de informação entre os Estados, que não confiam o suficiente para trabalhar em conjunto no domínio sensível da inteligência. Também estão previstas discussões sobre a questão dos "combatentes estrangeiros" e a luta contra o tráfico de armas.

"Vamos colocar uma pressão considerável sobre as instituições e os Estados-Membros da União Europeia", advertiu o ministro do Interior francês, Bernard Cazeneuve. O objetivo "é sair da reunião com um projeto de calendário", com a vontade "de colocar em prática as primeiras ações concretas no final do primeiro trimestre de 2016", acrescentou Cazeneuve.

Depois do encontro entre os ministros nesta segunda, na terça-feira será a vez dos ministros da Justiça dos 28 países da UE a se reunir em Amsterdã para discutir a luta contra a cibercriminalidade.

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