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Justiça russa acusa jornalista de 'extremismo' por defender tártaros

Os tártaros da Crimeia, uma comunidade muçulmana, sofrem forte pressão das autoridades russas pela sua oposição à anexação

Agência France-Presse
postado em 30/05/2016 14:01

Moscow, Rússia - Uma jornalista tártara da Crimeia é acusada pela justiça russa de "extremismo" por defender sua comunidade e lançar um apelo à solidariedade para os filhos de tártaros presos por sua oposição à anexação, em 2014, da península ucraniana da Crimeia pela Rússia.

Vice-diretora da ATR, televisão tártara da Crimeia, Lilia Boudjourova, que também trabalhou para a AFP na Crimeia, recebeu no domingo uma "advertência" da procuradoria qualificando de "extremismo" uma de suas publicações informações no site ucraniano Investigator, bem como seus comentários no Facebook.

Questionado pela AFP, o porta-voz do procurador-geral de Simferopol, a capital da Crimeia, confirmou o envio do "aviso", que não constitui a abertura de uma investigação judicial, mas uma simples advertência.

O delito de "extremismo" é passível de cinco anos de prisão.

O porta-voz, Alexander Chkitov, ressaltou que a abertura de um inquérito "administrativo ou penal" dependeria da análise das palavras de Boudjourova.



Ele considera que os comentários feitos pelo jornalista em seu perfil no Facebook contêm "chamadas extremistas e agravam a situação". Em causa? O fato de que ela escreveu após a prisão de vários tártaros que "em breve os ataques aos tártaros vão começar nas ruas" e que os tártaros "serão obrigados a usar uma estrela amarela".

Também está em causa, um texto originalmente escrito em um site ucraniano onde Lilia Boudjourova convocava a apoiar financeiramente os filhos de prisioneiros tártaros presos por serem contrários à anexação da península por Moscou.

Os tártaros da Crimeia, uma comunidade muçulmana, sofrem forte pressão das autoridades russas pela sua oposição à anexação.

Mais de quinze tártaros foram presos desde o final de 2015, causando grande preocupação em Kiev e no Ocidente.

Em maio de 1944, quase todos os tártaros - uma das principais comunidades da Crimeia, na véspera da Segunda Guerra Mundial - foram deportados para a Ásia Central por ordem de Stalin, que os acusava de colaboração com os nazistas

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