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Jihadistas do Estado Islâmico reivindicam ataque em igreja na França

Afirmação foi dada pela agência Amaq, o órgão de propaganda dos extremistas

Agência France-Presse
postado em 26/07/2016 09:37
Equipes de segurança mataram os dois suspeitos do ataque

Beirute, Líbano - O grupo Estado Islâmico (EI) afirmou que o ataque realizado em uma igreja na França, onde um padre foi degolado, foi executado por "dois de seus soldados", segundo a agência Amaq, o órgão de propaganda dos extremistas. "Os autores do ataque responderam aos chamados para atacar os países da coalizão internacional", que luta contra o EI no Iraque e na Síria, segundo a Amaq.

O novo ataque reivindicado pelo grupo Estado Islâmico (EI) deixa o país novamente em choque, menos de duas semanas depois do atentado em Nice. "Os criminosos da igreja da Normandia são soldados do Estado Islâmico que realizaram o ataque em reposta a chamados para atacar países da coalizão" internacional que combate o EI no Iraque e na Síria, informou a Amaq, um órgão de propaganda do grupo extremista. O ataque, no qual ocorreu uma tomada de reféns, começou às 09h30 (04h30 de Brasília) em plena missa. Cinco pessoas estavam nesta igreja de Saint-Etienne-du-Rouvray, uma localidade na Normandia de 29 mil habitantes a 125 quilômetros de Paris, quando dois criminosos entraram no local ao grito de "Allah Akbar" (Deus é grande), segundo uma testemunha.

Policial vigia local onde um dos criminosos foi morto: França em choque

Os agressores foram abatidos ao sair da igreja por membros da Brigada de Busca e Intervenção (BRI), especializada em sequestros, que teriam cercado o templo."Pensava que (os atentados) ocorriam apenas nas grandes cidades e que nunca poderiam chegar até nós", reagia, incrédula, Joanna Torrent, funcionária de uma loja de Saint-Etienne-du-Rouvray.



Três reféns foram libertados sãos e salvos e um quarto, um paroquiano, estava entre a vida e a morte. O padre degolado se chamava Jacques Hamel e tinha 84 anos. Um dos criminosos (abatidos) "estava fichado pelos serviços antiterroristas", disseram à AFP fontes próximas à investigação. O indivíduo tentou viajar à Síria em 2015 e, ao voltar à França a partir da Turquia, foi colocado em prisão preventiva, acusado de associação criminosa em relação a uma empresa terrorista. Posteriormente foi libertado com a condição de usar uma pulseira eletrônica.

O papa Francisco expressou "dor e horror" por este "assassinato bárbaro", indicou o Vaticano em um comunicado. "Estamos particularmente abalados por esta violência horrível ocorrida em uma igreja, um lugar sagrado no qual se anuncia o amor de Deus", afirma a nota. A Casa Branca também condenou "nos termos mais firmes" o ataque e ofereceu sua ajuda na investigação do crime.

O padre degolado se chamava Jacques Hamel e tinha 84 anos

"França e Estados Unidos têm um compromisso comum de proteger a liberdade religiosa (...) e a violência de hoje não abalará este compromisso", declarou em um comunicado Ned Price, porta-voz da presidência americana. Esta tomada de reféns ocorre em um contexto de alerta máximo na França, doze dias depois de um atentado em Nice (sudeste), reivindicado pelo EI e que deixou 84 mortos e mais de 300 feridos.

[SAIBAMAIS]O presidente francês, François Hollande, que se dirigiu imediatamente ao local do crime, condenou este "ataque terrorista vil". "Estamos diante de um grupo, Daesh, que nos declarou guerra. Devemos desenvolver esta guerra, por todos os meios, respeitando o direito, porque estamos em uma democracia", acrescentou. A procuradoria antiterrorista assumiu imediatamente a investigação e um homem foi detido preventivamente poucas horas depois do ataque.

Críticas da oposição
O primeiro-ministro, Manuel Valls, expressou seu horror por este "ataque bárbaro contra uma Igreja". "Toda a França e todos os católicos estão feridos. Permaneceremos juntos", escreveu no Twitter. Valls havia advertido há uma semana que a França deveria se preparar para ser alvo de "outros atentados". Como era esperado, a oposição aproveitou a ocasião para criticar o governo.

"Devemos mudar profundamente a dimensão, a medida, a estratégia de nossas respostas", declarou o ex-presidente e líder da oposição Nicolas Sarkozy, denunciando "uma ação incompleta contra o terrorismo". Além disso, insistiu na iniciativa de criar centros de detenção para os suspeitos de radicalização. "Devemos ser implacáveis", afirmou. A presidente do partido de extrema-direita Frente Nacional (FN), Marine Le Pen, denunciou no Twitter a "responsabilidade (...) imensa" de "todos os que nos governam há 30 anos".

A França, que foi alvo de três ataques de grande porte nos últimos 18 meses - 17 mortos em janeiro de 2015, 130 mortos em 13 de novembro deste ano e 84 mortos no dia 14 de julho - vive afundada no medo de novos ataques.

O "reino da Cruz"
Depois do ataque em Nice, a França estendeu por seis meses o estado de emergência, em vigor desde os atentados terroristas de 13 de novembro de 2015 em Paris. Este regime dá à polícia poderes adicionais. Em sua propaganda e seus comunicados de reivindicação, o grupo Estado Islâmico convoca a atacar os líderes "cruzados" ocidentais e o "reino da Cruz".

A ameaça de um ataque contra um local de culto cristão estava na mente de todos na França, sobretudo depois que um projeto de atentado contra uma igreja católica nos arredores de Paris em abril de 2015 foi abortado. Após este projeto de atentado, o governo havia anunciado que adaptaria seu dispositivo de luta antiterrorista aos locais de culto católicos.

Cerca de 700 escolas e sinagogas judaicas, assim como entre 1.000 e 2.500 mesquitas, estão protegidas por militares, mas parece difícil aplicar estas mesmas medidas de segurança nas 4.500 igrejas católicas do país.

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