postado em 11/11/2016 19:00
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, manifestou confiança de que o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, não tentará suspender o Acordo Climático de Paris, apesar de, durante sua campanha, ele ter prometido cancelar o histórico pacto de combate ao aquecimento global.
Trump, que durante a corrida presidencial afirmou que o aquecimento global era uma farsa inventada pelos chineses, prometeu renegar os compromissos dos Estados Unidos de reduzir as emissões de gases de efeito estufa e de ajudar a financiar a transição para uma economia verde em todo o mundo.
"Ele fez várias declarações preocupantes, mas estou certo de que irá compreender toda a importância, seriedade e urgência" da questão, disse Ban em entrevista à AFP nesta sexta-feira (11/11).
"A presidência pode ser importante, mas a humanidade e todas as nossas vidas e nosso planeta Terra são eternos", reforçou.
Ban argumentou que há um forte consenso nos Estados Unidos e em todo o mundo sobre a necessidade de se combater o aquecimento global, sugerindo que Trump ficaria imprudentemente dessincronizado se abandonasse o acordo.
"Agora, as comunidades empresariais estão comprometidas, os membros da sociedade civil estão comprometidos, como alguém pode mudar todo esse curso? É uma tendência enorme", disse o secretário-geral.
"Se alguém quiser desfazer todo esse processo, isso criará sérios problemas", acrescentou.
Ban, de 72 anos, destacou o acordo climático alcançado em Paris em dezembro do ano passado como o momento de que mais se orgulha em 10 anos como chefe da diplomacia mundial.
O ex-ministro das Relações Exteriores sul-coreano disse, ainda, que planeja falar por telefone com Trump em breve e que espera se reunir com ele antes do seu mandato terminar, em 31 de dezembro, para explicar como as Nações Unidas esperam que os Estados Unidos "continuem trabalhando para a humanidade".
Bilionário do setor imobiliário, Donald Trump conquistou a presidência dos Estados Unidos com uma plataforma que defende laços mais estreitos com a Rússia e questiona alianças de segurança internacionais e o financiamento americano às Nações Unidas.
O chefe da ONU desconsiderou a possibilidade de que os Estados Unidos, de longe o maior contribuinte para as Nações Unidas, poderiam cortar o financiamento ou contornar o organismo mundial para lidar com questões globais.
"Isto foi o que ele disse durante o período de campanha", disse Ban na entrevista, realizada na sede da ONU, em Nova York.
"Agora, após a eleição, quando ele criar sua equipe de transição com especialistas e pessoas com visão e experiência, tenho certeza de que os Estados Unidos continuarão a desempenhar um papel de liderança", acrescentou.
A entrevista foi a primeira avaliação completa de Ban sobre o impacto da vitória eleitoral de Trump sobre a diplomacia global.
Por France-Presse