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Cardeais pedem que papa esclareça defesa da abertura a divorciados

Ante o silêncio do pontífice, prelados divulgam texto e acusam o líder católico de causar "grave desorientação" e "confusão"

Rodrigo Craveiro
postado em 17/11/2016 06:00

A bordo do papamóvel, Francisco saúda fiéis, ao chegar à tradicional audiência de quarta-feira, na Praça de São Pedro: resistência da ala conservadora

A carta, datada de 19 de setembro de 2016 e assinada por quatro cardeais da ala conservadora, estremeceu os pilares da Igreja Católica, após quase dois meses mantida em segredo. Na mensagem, os alemães Walter Brandmüller e Joachim Meisner; o norte-americano Raymond Burke; e o italiano Carlo Caffarra desafiam publicamente o papa Francisco, ao acusá-lo de provocar ;incerteza, confusão e desorientação; entre os fiéis. Foi a primeira vez que altos prelados expuseram o seu descontentamento em relação a decisões do pontífice.

A polêmica gira em torno do oitavo capítulo da exortação apostólica Amoris laetitia (;A alegria do amor;, em latim) ; no documento de 250 páginas, publicado em 8 de abril, Francisco defende a abertura da Igreja aos divorciados que voltam a se casar. ;Ao considerar a abordagem pastoral em relação a pessoas que contraíram um casamento civil, que estão divorciadas e recasadas, ou simplesmente vivendo juntas, a Igreja tem a responsabilidade de ajudá-las a compreender a pedagogia divina da graça em suas vidas e lhes oferecer assistência, para que possam alcançar a plenitude do plano de Deus para elas;, escreveu o papa, ao apoiar uma decisão consensual do Sínodo dos Padres.

Os quatro cardeais argumentam, na carta pública, que ;teólogos e estudiosos têm proposto interpretações que não são apenas divergentes, mas também conflituosas, sobretudo em relação ao Capítulo VIII;. ;Além disso, a mídia tem enfatizado essa disputa, provocando incerteza, confusão e desorientação entre muitos dos fiéis. (;) Por causa disso, nós, abaixo assinados, e também muitos bispos e padres, temos recebido numerosos pedidos dos fiéis de vários estratos sociais sobre a interpretação correta a ser dada ao Capítulo VIII da Exortação;, alertam. Na parte mais polêmica da missiva, eles sustentam que, ;compelidos em consciência de sua responsabilidade pastoral (;), nós, com profundo respeito, permitimos a nós mesmos pedir-lhe, Santo Padre, como Supremo Professor da Fé, chamado pelo Ressuscitado para confirmar seus irmãos na fé, para resolver as incertezas e trazer clareza;.

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