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Presidente sírio reforça bombardeios em Damasco antes de negociações

Representantes da oposição síria e do presidente Bashar al-Assad devem se encontrar na quinta-feira (23/2) para tentar acabar com seis anos de conflito que deixou mais de 310 mil mortos

Agência France-Presse
postado em 20/02/2017 18:50
As forças do governo sírio acentuaram nesta segunda-feira (20/2) sua campanha de bombardeios contra posições rebeldes na periferia de Damasco, dias antes da abertura das negociações de Genebra.

Os representantes da oposição síria e do presidente Bashar al-Assad devem se encontrar na quinta-feira (23/2) para tentar, mais uma vez, acabar com seis anos de uma guerra que deixou mais de 310.000 mortos.

Entretanto, as forças do governo intensificaram seus bombardeios na periferia da capital da Síria nesta segunda, de acordo com o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH) e militantes no terreno.

"Os bombardeios mataram sete pessoas, incluindo uma criança, e feriram outras 12 em Barze", um bairro controlado pelos rebeldes no norte de Damasco, afirmou o OSDH.

Morteiros também atingiram Qaboun, outra área rebelde no nordeste da capital, onde havia um cessar-fogo local desde 2014.

Pelo menos 16 pessoas foram mortas no sábado, quando morteiros disparados pelo Exército atingiram um funeral neste bairro, segundo o OSDH.

"Hoje (segunda-feira) é o terceiro dia de bombardeios, com disparos de morteiros, foguetes e bombardeios", confirmou à AFP Hamza Abbas pela internet.

"Mensagem sangrenta"

Os recentes bombardeios perto de Damasco, na província de Homs e em outras partes do país, "colocam em perigo os esforços para alcançar uma transição política na Síria", denunciou em um comunicado o Alto Comitê de Negociações (HCN), principal grupo da oposição.

Esta aliança, que reúne uma vasta gama de grupos da oposição política, irá representá-los na quarta rodada de discussões em Genebra, que começará na quinta-feira.

"Esta é uma mensagem sangrenta de um regime criminoso que, poucos dias antes da abertura das negociações em Genebra, demonstra a sua rejeição a qualquer solução política", afirma o HCN.

A delegação do HCN será liderada pelo advogado Mohammad Sabra, substituindo Mohammed Allouche, do poderoso grupo rebelde do Exército do Islã, presente na região de Ghouta, o grande subúrbio a leste de Damasco, que está na mira do Exército há meses.

"Mesmo enfraquecida e cercada, Ghouta oriental segue sendo um ponto-chave no coração do regime", explica Aron Lund, em uma análise publicada pelo Centro Carnegie do Oriente Médio.

Invadir esta região pode ter um impacto significativo sobre os diálogos de paz, "porque a delegação da oposição não terá um grande valor" sem o Exército do Islã, afirmou.

"Medo"

Radwan al-Homsi, militante contra o governo originário de Binnich, não tem muitas esperanças sobre o próxima reunião de paz em Genebra.

"Será como as outras conferências, somente tinta em um papel", lamenta. "Agora temos muito medo de tudo o que se chama conferência, porque depois de cada conferência há uma campanha militar", diz este homem de 27 anos.

Desde a última reunião, em abril de 2016, os rebeldes perderam o seu bastião na zona leste de Aleppo e devem levar em conta a nova aliança entre o seu principal aliado, a Turquia, e a Rússia, que apoia o governo.

Ancara e Moscou uniram forças em dezembro para impor uma frágil trégua entre os rebeldes e o governo.

Enquanto isso, oito civis morreram em um bombardeio sobre Raqqa, reduto do grupo Estado Islâmico (EI), indicou o OSDH, que não conseguiu determinar o autor do ataque.

A cidade de Al-Bab, outro reduto extremista no norte do país, também foi bombardeada, com um balanço de 11 mortos de uma mesma família, entre eles três crianças, segundo a mesma fonte.

No sul, três pessoas faleceram em um ataque do Fatah al-Sham, ex-braço sírio da Al-Qaeda, contra um hospital na cidade de Daraa, anunciou a agência oficial de notícias Sana.

Perto da fronteira libanesa, 250 rebeldes e seus familiares na região de Sherghaya foram evacuados até Idleb, durante um acordo local de trégua concluído com o governo, de acordo com o OSDH.

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