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Ministro do Interior francês se demite por investigação por nepotismo

"A responsabilidade que implica a luta diária contra o terrorismo e a delinquência (...) não pode ser manchada por qualquer acusação", declarou o ministro socialista, que defendeu sua "honestidade"

Agência France-Presse
postado em 21/03/2017 17:13

O ministro do Interior francês, Bruno Le Roux, apresentou sua demissão nesta terça-feira depois que a promotoria financeira abriu uma investigação preliminar por ele ter empregado suas duas filhas adolescentes quando era deputado.

[SAIBAMAIS]"A responsabilidade que implica a luta diária contra o terrorismo e a delinquência (...) não pode ser manchada por qualquer acusação", declarou o ministro socialista, que defendeu sua "honestidade".

Le Roux será substituído pelo atual secretário de Estado para o Comércio Exterior, Mathias Fekl, segundo informou a presidência francesa.

O ministro, que havia sido nomeado em dezembro ao cargo, apresentou sua demissão "a fim de fornecer todas as precisões úteis para o estabelecimento da verdade, como parte da investigação preliminar aberta", afirmou o palácio do Eliseu em um comunicado.

A promotoria financeira francesa abriu o procedimento para determinar se o ministro Le Roux cometeu alguma irregularidade ao contratar suas filhas como assistentes parlamentares.

De acordo com o canal televisivo TMC, o ministro socialista contratou suas filhas, quando elas ainda eram adolescentes, com vários contratos de curta duração entre 2009 e 2016, os quais fizeram com que recebesse 55.000 euros, aproximadamente 59.500 dólares.

No mesmo programa de TV, o ministro admitiu a contratação pontual de suas filhas quando exercia o cargo de deputado no departamento de Seine-Saint-Denis, em Paris, "no verão, principalmente, ou em períodos de férias escolares, mas nunca de forma permanente", disse.

Segundo o programa Quotidien, as filhas começaram a trabalhar para ele quando tinham entre 15 e 16 anos, acumulando respectivamente entre 14 e 10 contratos de curta duração em um período de sete anos.

O ministro pediu que essa situação não fosse comparada com o caso de François Fillon, candidato conservador à presidência e acusado por desvios de dinheiro público e apropriação indevida de bens sociais, com base nos cargos supostamente fictícios de sua mulher, filhos e assistentes parlamentares.

"Trata-se de um trabalho de verão com um parlamentar. Organizar documentos, exercer uma certa quantidade de atividades parlamentares, acredito que seja uma boa escola", declarou Le Roux aos jornalistas da emissora.

A candidata da extrema-direita Marine Le Pen também é alvo de investigações por empregos fictícios no Parlamento Europeu e irregularidades no financiamento de campanhas de seu partido, a Frente Nacional.

"Quanto fazemos parte da autoridade de Estado, devemos ser impecáveis diante das instituições e das regras", ressaltou nesta terça-feira o primeiro-ministro francês, Bernard Cazeneuve, antes de receber Le Roux.

O chanceler Jean-Marc Ayrault defendeu, por sua vez, "o exemplo e a transparência".

Bruno Le Roux foi eleito deputado em 1997, e reeleito desde então até a entrada no governo.

Sua saída eleva a cinco o número de ministros forçados a renunciar ao cargo após revelações comprometedoras desde a chegada ao poder de François Hollande, em maio de 2012.

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