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Ataque americano na Síria mata nove civis, incluindo crianças, diz agência

Logo após o bombardeio na Síria, Trump convocou os "países civilizados" a atuarem juntos para acabar com o derramamento de sangue. É o primeiro ataque direto dos EUA ao governo de Bashar al-Assad desde que a guerra civil do país começou há seis anos

Jacqueline Saraiva
postado em 07/04/2017 08:52
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O lançamento de 59 mísseis de cruzeiro "Tomahawk" contra uma base militar na Síria, numa ação comandada pelo presidente norte-americano Donald Trump, deixou um saldo de ao menos nove civis mortos, incluindo quatro crianças, segundo a agência oficial Sana. O exército sírio havia anunciado horas antes a morte de seis pessoas na base, sem informar se eram civis ou militares. É o primeiro ataque direto dos Estados Unidos ao governo do presidente Bashar al-Assad desde que a guerra civil do país começou há seis anos.

A resposta de Trump ao ataque com armas químicas registrado na terça-feira (4/4), em um reduto rebelde no norte, com saldo de ao menos 86 mortos ; entre eles, 30 crianças ;expande drasticamente o envolvimento militar dos EUA na Síria e acende o sinal de alerta de confronto com a Rússia e o Irã, ambos aliados de Assad.
Na tarde desta sexta-feira, a Rússia acusou, na ONU, os Estados Unidos de terem violado a lei internacional. "Os Estados Unidos atacaram o território soberano da Síria. Classificamos esse ataque como uma violação flagrante da lei internacional e um ato de agressão", afirmou o representante de Moscou na ONU, Vladimir Safronkov, durante uma reunião de emergência do Conselho de Segurança dedicado ao ataque americano. Após a acusação russa, o departamento americano de Defesa, o Pentágono, pediu que o país na Eurásia .
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Logo após o bombardeio, o líder norte-americano convocou os "países civilizados" a atuarem juntos para acabar com o derramamento de sangue e o terrorismo. Trump destacou que ordenou "um ataque militar pontual contra a base aérea na Síria de onde havia partido o ataque com arma química" porque "é vital para a segurança nacional prevenir e conter a disseminação e uso de armas químicas letais".
Em um comunicado, a presidência da Síria classificou o episódio de ato "irresponsável" e "tolo". A assessoria do presidente Bashar Al Assad também afirmou que o bombardeio intensifica a determinação da Síria de atingir os agentes terroristas" (os insurgentes). "Atacar o aeroporto de um Estado soberano é um ato vergonhoso que demonstra uma vez mais que as diferentes administrações não mudam suas políticas mais profundas."

Trump destacou que ordenou

Base "quase totalmente destruída"

Segundo a agência Sana, além dos civis mortos, o ataque, que partiu de dois navios no Mar Mediterrâneo e teria como alvo a base aérea de Shayrat, deixou cerca de sete feridos e provocou danos importantes em residências de Al-Shayrat, Al-Hamrat e Al-Manzul, todas próximas da base atacada. O diretor da ONG Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), Rami Abdel Rahman, afirmou que a base militar ficou "quase totalmente destruída". "Os aviões, a pista, o depósito de combustível e o edifício da defesa aérea foram pulverizados", disse.

O governo de Vladimir Putin condenou a ação dos Estados Unidos, classificando o ato de "agressão contra um Estado soberano". "Esta ação de Washington causa um prejuízo considerável às relações entre Estados Unidos e Rússia, que já se encontram em um estado lamentável", afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov. O governo do Irã, por meio da declaração do porta-voz do ministério iraniano das Relações Exteriores, Bahram Ghasemi, também reprovou o bombardeio, ao afirmar que o ato deve "ajudar os grupos terroristas que estão em declínio"

[SAIBAMAIS]Já os aliados de Washington apoiaram a atitude de Donald Trump. O governo de Israel deu apoio aos EUA, considerando o ato como uma "mensagem forte" que Irã e Coreia do Norte devem ouvir. "Israel apoia totalmente a decisão do presidente Trump e espera que esta mensagem de determinação ante a atuação infame do regime de Bashar al-Assad seja ouvida não apenas em Damasco, mas também em Teerã, Pyongyang e além", afirmou o gabinete do primeiro-ministro em um comunicado.

A aprovação também veio do governo britânico, que considera que os ataques à base militar síria são "uma resposta apropriada ao ataque bárbaro com armas químicas cometido pelo regime sírio", conforme declarou um porta-voz de Downing Street. Em um comunicado conjunto, o presidente francês François Hollande e a chanceler alemã Angela Merkel afirmam que o presidente sírio Bashar al-Assad tem "plena responsabilidade" do ataque dos Estados Unidos.
Na tarde desta sexta-feira (7/4), o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) informou que dois helicópteros decolaram da base aérea atacada e realizaram bombardeios nas proximidades.

O que se sabe até agora

- A base aérea síria de Al Shayrat, alvo de um ataque americano de mísseis de cruzeiro, foi o ponto de decolagem dos aviões que lançaram um ataque químico atribuído ao regime de Damasco, segundo o Pentágono;

- O ataque comandado por Donald Trump teve início à 0h40 (21h40 de Brasília, quinta-feira), quando 59 mísseis Tomahawk foram lançados a partir dos navios americanos USS Porter e USS Ross, que estavam no Mediterrâneo oriental;

- A base militar de Al Shayrat era conhecida como um lugar para o armazenamento de armas químicas antes de 2013, conforme indicou o capitão Jeff Davis, porta-voz do Pentágono;

- Nove civis foram mortos no ataque, segundo a agência oficial síria Sana. Sete pessoas ficaram feridas;

- Segundo a Sana, o ataque provocou importantes destruições em casas das aldeias de Al Shayrat, Al Hamrat e Al Manzul".
- Os mísseis Tomahawk estabeleceram como alvo principalmente "hangares aéreos reforçados", tanques de armazenamento de petróleo, munições, defesas antiaéreas e radares;

- Segundo o conselheiro de segurança nacional do presidente Trump, os americanos evitaram atacar o lugar onde suspeitam que gás sarin é armazenado;

- O diretor do Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), Rami Abdel Rahman, afirmou que "o aeroporto foi quase totalmente destruído: os aviões, a pista, o depósito de combustível e as instalações de defesa aérea foram pulverizados";

- O governo russo foi advertido antes do ataque através de uma linha de comunicação especial instalada por militares americanos e russos desde o outono (boreal) de 2015 para evitar qualquer incidente aéreo entre seus aviões no céu sírio.
Com informações da France Presse

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