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Atentados no Paquistão matam quase 30 pessoas pouco antes do fim do Ramadã

O primeiro ataque teve como alvo um veículo da polícia em Quetta, capital da província do Baluchistão (sudoeste), com um saldo de 13 mortos.

Agência France-Presse
postado em 23/06/2017 12:03
Quatro atentados, dois deles quase simultâneos, foram registrados nesta sexta-feira no Paquistão, véspera do fim do mês sagrado do Ramadã, com cerca de 30 mortos e dezenas de feridos, em sua maioria civis.

O primeiro ataque teve como alvo um veículo da polícia em Quetta, capital da província do Baluchistão (sudoeste), com um saldo de 13 mortos.

Os outros dois ataques ocorreram consecutivamente em um mercado lotado de pessoas que faziam as compras para o iftar, a refeição de quebra do jejum, com ao menos 13 mortos e 124 feridos em Parachinar, na fronteira com o Afeganistão.

O ataque em Quetta foi reivindicado pelos grupos extremistas Estado Islâmico (EI) e Jamaat-ul-Ahrar, uma facção do Talibã paquistanês (TTP).

As duas organizações deram detalhes conflitantes sobre o ataque, de acordo com SITE, um centro americano especializado no monitoramento dos movimentos extremistas na internet.

[SAIBAMAIS]O Estado Islâmico na Província de Khorasan, facção do grupo no Paquistão e no Afeganistão, assumiu a responsabilidade por vários ataques nos últimos meses no Baluchistão, algumas vezes em colaboração com grupos locais como Jamaat-ul-Ahrar.

Pelo menos vinte pessoas ficaram feridas na explosão, que ocorreu em frente ao escritório do chefe da polícia local, indicou Fareed Ahmed, médico do Hospital Civil.

Nove dos mortos eram policiais, explicou o chefe de polícia, Abdul Razzak Cheema.

"A explosão tinha como alvo uma caminhonete da polícia estacionada diante do escritório do inspetor-geral", disse o comandante Mohamed Tariq.

O Baluchistão, província rica em recursos naturais abalada por uma insurreição separatista e a violência islamita, faz fronteira com o Irã e o Afeganistão. É a maior província do país, com sete milhões de habitantes.

Apesar das operações militares e programas de desenvolvimento, que permitiram diminuir a violência, os atentados seguem acontecendo.

Os habitantes afirmam que são marginalizados pelo governo do país, que acusam de despojar a província de seus recursos minerais e de energia.


Atentado duplo

Horas mais tarde, no norte do país, um duplo atentado em um mercado lotado de pessoas causou ao menos 13 mortos, segundo anunciaram as autoridades locais.

"A primeira explosão aconteceu no mercado e quando os serviços de emergência chegaram no local para socorrer as vítimas, uma segunda explosão aconteceu", informou Nasrullah Khan, indicando que ao menos 24 pessoas ficaram feridas.

Este atentado duplo ainda não foi reivindicado.

Os mercados desta cidade isolada, perto da fronteira afegã, já sofreu dois grandes ataques este ano, com 22 e 24 mortes.

Os muçulmanos xiitas, que representam aproximadamente 20% da população do Paquistão, são considerados hereges pelos grupos armados paquistaneses de confissão sunita.

Por esta razão, "os souks (mercados populares) são protegidos por barreiras e os veículos não são permitidos", segundo Sajid Hussain Turi, uma autoridade local, proprietário do mercado que sofreu o ataque nesta sexta-feira.

Finalmente, um quarto ataque foi cometido na grande cidade portuária de Karachi, onde homens armados em uma motocicleta metralharam e mataram quatro policiais em um restaurante, de acordo com a polícia local.

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