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Rússia inicia retirada parcial de suas tropas na Síria

No dia seguinte ao anúncio da retirada de "uma parte significativa" das forças comprometidas desde setembro de 2015, a televisão russa transmitiu o dia todo imagens dos soldados desembarcando em território russo

Agência France-Presse
postado em 12/12/2017 17:49

A Rússia começou nesta terça-feira (12/12) a retirada parcial de suas tropas mobilizadas há dois anos na Síria, conforme o anúncio do presidente Vladimir Putin, que declarou a missão como "brilhantemente cumprida" depois de dois anos de intervenção em apoio ao governo de Bashar al-Assad.

No dia seguinte ao anúncio da retirada de "uma parte significativa" das forças comprometidas desde setembro de 2015, a televisão russa transmitiu o dia todo imagens dos soldados desembarcando em território russo.

Alguns foram recebidos por grupos com consignas patrióticas e outros por oficiais de alto escalão do Exército que agradeciam pelo seu trabalho.

"O batalhão da Polícia Militar do distrito militar do sul (da Rússia), que estava mobilizado na Síria, foi conduzido por dois aviões de transporte militar ao aeroporto de Makhachkala", capital de Daguestão, indicou o Exército russo em comunicado.

Aviões A-50 aterrissaram na região de Ivanovo, a nordeste de Moscou. Bombardeiros Tu-22M3 saíram do campo de Ossétia do Norte, no Cáucaso russo, de onde decolavam para atacar a Síria, para alcançar sua base permanente nas regiões de Kaluga, no centro da Rússia, e de Murmansk, no norte.

;Dois terços do contingente;


Na segunda-feira pela manhã, a caminho de uma viagem por Egito e Turquia, Putin fez uma escala surpresa na Síria pela primeira vez desde o início do conflito, há seis anos, que já deixou ao menos 340 mil mortos e milhões de deslocados e refugiados.

Na base aérea de Hmeimimm, Putin, candidato a um quarto mandato, anunciou junto a Bashar al-Assad a retirada de "uma parte significativa" das forças russas presentes no país.

"Sim, a ameaça terrorista continua sendo muito alta no mundo. No entanto, a missão de lutar contra os grupos terroristas aqui, na Síria, que era necessário com os meios de grande envergadura das Forças Armadas, foi alcançada em sua totalidade e de maneira brilhante", insistiu.

O presidente russo não detalhou o número de soldados envolvidos. Segundo o chefe das forças russas na Síria, o general Sergei Surovikin, 23 aviões e dois helicópteros russos deviam deixar a Síria, seguidos por unidades da Polícia Militar, de desminado e médicos do hospital de campanha.

Fontes anônimas próximas ao Exército russo indicaram aos jornais RBK e Kommersant que se tratam de "dois terços do contingente e das equipes".

A Rússia irá manter uma presença no campo de Hmeimim e na base naval russa de Tartus para poder "atacar com uma força nunca vista" os terroristas "se levantarem a cabeça", recordou seu porta-voz, Dmitri Peskov.

;Guerra política;


De 4.000 a 5.000 militares russos foram enviados à Síria nesses dois anos. Oficialmente, em torno de 40 efetivos russos morreram desde o início da operação.

A intervenção russa mudou a situação na Síria permitindo a Assad recuperar uma grande parte do território nas mãos dos rebeldes e do grupo extremista Estado Islâmico (EI), este último isolado agora em pequenas zonas ou bolsões.

Putin já havia ordenado a retirada de uma parte do contingente russo na Síria em março de 2016.

Na segunda-feira, o Pentágono reagiu a este novo anúncio com ceticismo, afirmando que "as declarações russas (...) não costumam corresponder com uma redução real de seus efetivos militares".

"É essencial para Putin aparecer como vencedor militar e dirigente de uma potência mundial para os cidadãos russos que votarão nele em alguns meses", explicou à AFP o especialista militar independente Alexandre Golts.

Putin, no poder há 18 anos como presidente ou primeiro-ministro, anunciou na semana passa sua candidatura às eleições de março de 2018 para um quarto mandato.

"Esta guerra começou por razões políticas", assegurou Golts.

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