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Putin vence de forma esmagadora e presidirá a Rússia até 2024

Presidente russo foi reeleito com 76,67% dos votos

postado em 19/03/2018 07:41
Vladimir Putin foi reeleito no domingo para um quarto mandato de presidente da Rússia, com um resultado esmagador nas eleições, marcadas por acusações de fraude anunciadas pela oposição.

Após a apuração de 99,8% das urnas, o presidente russo, de 65 anos, obteve 76,67% dos votos, bem acima dos 63,6% conquistados em 2012 e que os votos atribuídos a ele em pesquisas de opinião nas últimas semanas, segundo a Comissão Eleitoral.

O chefe de Estado superou o candidato do Partido Comunista Pavel Grudinin, que recebeu 11,79% dos votos, o ultranacionalista Vladimir Jirinovski (5,66%) e a jornalista vinculada à oposição liberal Ksénia Sobtchak (1,67%).

Putin disse aos seus simpatizantes, reunidos nas imediações do Kremlin, que via na vitória "a confiança e a esperança" do povo russo.

"Vamos trabalhar duro, de forma responsável e eficiente", assegurou.

Além disso, prosseguiu, "vejo o reconhecimento do fato de que muitas coisas foram realizadas em condições muito difíceis".

Durante o atual mandato de Putin, os preços do petróleo desabaram, provocando escassez de divisas, o que se somou às sanções do Ocidente pela anexação russa da Crimeia.

Putin é elogiado por ter devolvido a estabilidade ao país, após a caótica década de 1990, embora, segundo seus detratores, tenha sido às custas das liberdades individuais.

Ao ser questionado se voltaria a disputar eleições, Putin respondeu de modo negativo.

"O que? Ficar aqui até 100 anos? Não", disse aos jornalistas.

A taxa de participação foi de 67,4%, segundo a Comissão Eleitoral, apesar dos esforços feitos pelo Kremlin para mobilizar os eleitores neste pleito, cujo resultado todos davam por certo.

Mas seu principal opositor, Alexei Navalny, impedido de disputar as eleições por uma condenação judicial, acusou o Kremlin de aumentar artificialmente a mobilização, enchendo as urnas ou organizando o transporte maciço de eleitores às seções eleitorais.

"Precisam de participação. O resultado é que a vitória de Putin com mais de 70% [dos votos] se decidiu de antemão", disse Navalny à imprensa, assegurando que a participação real foi inferior à de 2012.

A ONG Golos, especializada em vigilância eleitoral, disponibilizou um mapa das fraudes em seu site na internet, no qual denunciou mais de 2.700 irregularidades como o preenchimento de urnas, votos múltiplos ou obstáculos ao trabalho dos observadores.

A presidente da Comissão Eleitoral, Ella Pamfilova, considerou, no entanto, que as irregularidades comprovadas foram "relativamente baixas" e acrescentou que a votação foi transparente.


Eleições ;injustas;


"Está claro que as eleições não são justas", disse o comunista Grudinin, citado pela agência de notícias Interfax.

As autoridades fizeram uma campanha maciça de informação e incitação ao voto, facilitando a participação fora das circunscrições de residência, mas também, segundo a imprensa, pressionando funcionários públicos e estudantes a votar.

Segundo militantes da oposição, a Polícia transportou eleitores de ônibus até as seções e foram distribuídos cupons de desconto entre os eleitores.

O grande ausente nas eleições presidenciais, Navalny, não pôde participar do pleito devido a uma condenação por desvio de verbas, o que denuncia como uma manobra orquestrada pelo governo.

O popular blogueiro, que tem uma base fiel de seguidores em todo o país, havia convocado o boicote das eleições e enviado mais de 33.000 observadores às seções eleitorais.

Após a votação, seu coordenador de campanha, Ivan Jdanov, qualificou de êxito a convocação ao boicote.

"A taxa de participação é mais baixa que da última vez, apesar de tudo o que fizeram", declarou.


Voto barrado na Ucrânia


A última semana de campanha foi marcada por um novo pico de tensão entre Moscou e o Ocidente, devido ao envenenamento, na Inglaterra, do ex-agente duplo Serguei Skripal e sua filha, Yulia, em 4 de março.

Embora tenha evitado falar sobre o caso durante toda a campanha eleitoral, Putin aproveitou o primeiro discurso após a vitória para assegurar que não fazia sentido acusar a Rússia por este envenenamento com suposto agente neurotóxico.

"São mentiras, lixo, bobagens", declarou Putin, afirmando que seu país havia "destruído todas as armas químicas" de que dispunha, conforme os tratados internacionais.

Moscou anunciou no sábado a expulsão de 23 diplomatas britânicos, em represália a uma medida similar adotada por Londres.

Estas eleições são celebradas simbolicamente quatro após após a ratificação da anexação da Crimeia à Rússia, decidida após um referendo considerado ilegal por Kiev e pelas potências ocidentais.

Em represália à participação dos moradores da Crimeia nas presidenciais, Kiev bloqueou o voto de eleitores russos estabelecidos na Ucrânia. Dezenas de policiais e militantes nacionalistas bloquearam neste domingo o acesso aos consulados russos em várias cidades.

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