Politica

Governo estuda criar nova CPMF

Ministro da Fazenda trabalha em conjunto de medidas que incluem a recriação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira. Desta vez, alíquota seria menor: de 0,06% sobre os saques

postado em 17/05/2008 13:03
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, está trabalhando num conjunto de medidas que, entre outras coisas, recriará a finada Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) ; só que em bases menores do que a versão anterior. Em princípio, o tributo terá alíquota de 0,06% (contra 0,38% no antigo formato) e também incidirá sobre os saques. Ao líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), Mantega pediu um prazo, que se esgota na terça, para apresentar as medidas.

O envolvimento do maior partido do Congresso no assunto está diretamente relacionado ao Projeto de Lei Complementar n; 121/07, que regulamenta a Emenda 29 à Constituição. Esse projeto, de autoria do senador Tão Viana (PT-AC), está pronto para ser votado e obriga o governo a aplicar 10% de suas receitas no setor de saúde.

Na prática, a medida injetará cerca de R$ 6 bilhões neste ano no Sistema Único de Saúde. Eduardo Alves avisou ao governo que a imensa bancada peemedebista votará a favor. E recebeu a resposta que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva só não o vetará se o Congresso lhe der uma fonte alternativa de receitas.

Semana foi intensa
Uma intensa movimentação de bastidores ao longo da semana desencadeou o processo de recriação da CPMF, conforme deseja o governo. Na quarta-feira, o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), teve uma conversa reservada com os ministros da Fazenda, Guido Mantega, e do Planejamento, Paulo Bernardo. Disse a ambos que os 105 integrantes do bloco liderado pelo partido haviam decidido votar pela aprovação do Projeto de Lei complementar do senador Tião Viana (PT-AC), que regulamenta a Emenda 29 à Constituição.

O peemedebista foi além. Argumentou com os dois ministros que o assunto havia se tornado uma espécie de bandeira dentro da bancada. E que os peemedebistas não gostariam que ele fosse vetado pelo presidente da República depois de aprovado. Mantega tomou a frente e repetiu o bordão formulado pelo líder do governo na Câmara, Henrique Fontana (PT-RS): ;Não haverá veto se o Congresso indicar uma fonte para os recursos;. Como não ouviu resmungos, o ministro foi em frente e pediu até a próxima terça-feira para apresentar sugestões a respeito de onde o dinheiro pode sair.

São aproximadamente R$ 6 bilhões a mais direcionados ao setor de saúde só neste ano, caso o projeto seja aprovado. Como se trata de dinheiro das receitas correntes da União, o governo teria que cortar outras despesas para alojá-lo no Orçamento de 2008. Por não poder cancelar gastos correntes, sobraria para a conta de investimentos. Em resumo, para obras listadas no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), carro-chefe do segundo mandato do presidente Lula.

Almoço
Pelo que disse ao líder do PMDB, o ministro da Fazenda conta com a recriação da CPMF para amealhar R$ 3,5 bilhões e com a elevação dos tributos incidentes sobre cigarros e bebidas para arrecadar os R$ 3 bilhões restantes.

No dia seguinte, Mantega almoçou no Palácio do Planalto com o ministro José Múcio, das Relações Institucionais, com o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, e com Henrique Fontana. O tema era a regulamentação da Emenda 29 e seu propenso financiamento. Múcio e Fontana se comprometeram a buscar os votos necessários no Congresso para levantar o dinheiro pedido por Temporão, sem comprometer o PAC. A bola, até terça-feira, está com Mantega. (UB)

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