Politica

Senador quer acabar com a obrigatoriedade do uso de terno no Congresso

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postado em 11/11/2008 08:41
As altas temperaturas de Brasília este ano provaram ser um fenômeno democrático. As tardes tórridas da capital da República, como não se via desde 1960, não pouparam a compostura sequer de suas excelências deputados e senadores, que mesmo protegidos com o frescor do ar-condicionado suaram a camisa na seca candanga e sentiram o desconforto de morar a mais de mil quilômetros da beirada de um oceano. Estimulado pelo calor , um senador da República levantou o debate. Terno: usar ou não usar. Acostumado à umidade do estado que representa, o Espírito Santo, Gerson Camata (PMDB) está empenhado em acabar com a obrigatoriedade do traje protocolar no Congresso Nacional. Amanhã planeja suscitar a discussão em reunião da Mesa Diretora no Senado. Camata partirá de dois argumentos para derrubar o uniforme entre os políticos. Um de apelo prático: ;Qual o sentido da obrigatoriedade do terno num país onde o sol é de rachar?; O outro com conteúdo com contornos técnicos: ;Vai ser mais barato manter o Congresso a temperaturas dois, três pontos mais altas;. A idéia do senador é conseguir uma autorização da Mesa Diretora para experimentar a novidade durante um mês. ;É um teste para os cofres públicos e para a saúde dos parlamentares;, defende o senador, que só dá o nó na gravata minutos antes de entrar no plenário, onde a indumentária é exigida. Nem só os efeitos nocivos do calor, encorajaram Camata a levantar a bandeira do casual day de segunda a sexta no Congresso Nacional. Certa vez, o senador teve de emprestar o paletó e a gravata para que o prefeito de Iconha, cidade a 88km de Vitória, cruzasse a linha que separa o Senado da Câmara dos Deputados. ;Depois pedi a um assessor para resgatar a minha roupa. Esse tipo de restrição não é nem um pouco democrática;, condena Camata, com saudade dos tempos em que andava de bota e calça jeans, quando era governador do Espírito Santo na década de 1980. Mas ao que tudo indica, o peemedebista pode ter dificuldades para emplacar o traje esporte fino no Congresso. A começar pelo discurso conservador do presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), quando o assunto é alterar o status quo da moda no Congresso Nacional. ;Não sei não, mas acho que a curto prazo é muito difícil viabilizar essa mudança. Até entendo as preocupações ambientes, de economia, de saúde do Camata, mas transformar os hábitos das pessoas é coisa muito difícil, até porque essas pessoas estão acostumadas e compenetradas a um simbolismo de hierarquias e valores, que passa pela roupa;, considera o presidente do Congresso. Com ele, está o deputado Clodovil Hernandes (PTC-SP): ;Acho o fim, horrível mesmo, fico pensando que se começarem a avacalhar as coisas desse jeito, onde vamos parar?;, indigna-se o deputado-estilista. E se não houver outro jeito de contornar as tardes quentes da capital na próxima temporada de calor, o consultor de moda e superintendente da VR e da Calvin Klein Leonardo Carvalho dá um conselho aos políticos: ;Os ternos de lã fria em alta gramatura são tão leves, mas tão leves que dá a impressão de se estar andando sem roupa alguma;. Ouça entrevista: áudio com o senador Gerson Camata

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