Politica

Manobras de última na disputa pela presidência da Câmara

Na véspera da eleição, Arlindo Chinaglia antecipa o horário da sessão na Câmara. Osmar Serraglio, do PMDB, desiste da candidatura avulsa à Presidência. Os dois movimentos favorecem a campanha de Temer

postado em 02/02/2009 10:47
Dois atos com dezenas de reflexos em favor de Michel Temer (PMDB-SP). O primeiro veio do presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP). Faltando menos de 24 horas para a eleição do seu sucessor, o petista antecipou o início da sessão de hoje de meio-dia para às 10h, mesma hora em que o Senado pretende deflagrar a votação para escolher seu comandante. O outro veio no início da noite, quando Osmar Serraglio (PMDB-PR) comunicou que está fora da disputa. O recuo de Serraglio dá aos peemedebistas que o apoiaram o argumento para retornar à candidatura oficial, ou seja, a de Temer (leia detalhes abaixo). A decisão de Chinaglia, tomada para evitar que a sucessão no Senado contagie a da Câmara, soou como um alarme nas campanhas de Aldo Rebelo (PCdoB-SP) e Ciro Nogueira (PP-PI).Os dois tomaram a atitude do atual presidente como um golpe em favor do peemedebista. ;Não esperava uma atitude como essa do Chinaglia. Agora, em vez de debatermos propostas, vamos nos preocupar em adiar a votação para dar tempo de conhecer o resultado do Senado;, criticou Nogueira. Para Aldo, a antecipação do início da sessão foi uma ;manobra desesperada; da tropa de choque de Temer: ;Isso é uma boa demonstração de que eles estão com medo e temem o rastro da onça. A estratégia só pode ser um sinal de receio da parte deles;, atacou o candidato. Em resposta às críticas, Chinaglia argumentou que o horário foi combinado com todos os líderes em reunião realizada ontem. ;Houve entendimento, não há nada de manobra. Já vínhamos discutindo isso há semanas;, explicou o presidente da Câmara. O horário da sessão colocou as tropas de choque dos candidatos para trabalhar. O grupo de Temer quer fazer da mudança o trunfo para vencer a disputa. Ele acredita ter encontrado a brecha que precisava para evitar as traições nos 14 partidos que o apoiam: pedir a todos que votem logo cedo. Com isso, quer mapear eventuais infidelidades, detectar os retardatários e tentar recursos de última hora para angariar votos. ;Estamos preparados para colocar nosso pessoal no plenário muito cedo;, avisa o líder do PT , Maurício Rands (PE). Diante da possibilidade de o novo horário da votação evitar uma derrota do peemedebista, os opositores de Temer vão tentar realizar uma ofensiva para impedir a formação de quorum antes do meio-dia, quando esperam já conhecer o resultado no Senado. ;Vamos nos articular bem para evitar que a manobra do ;blocão; surta algum resultado;, avisou o deputado Benedito de Lira (PP-PI). ;É um absurdo que não temos como aceitar calados. Vamos retardar a votação porque achamos que o resultado no Senado pode influenciar o da Câmara.; Cargos Enquanto os candidatos ainda pediam votos, uma outra briga vai levar a disputa na Casa à Justiça. O PP saiu da reunião de líderes insatisfeito com a divisão dos cargos na Mesa Diretora. Ameaça ir hoje ao Supremo Tribunal Federal (STF) para garantir a vaga na Quarta Secretaria, prometida ao PTB. O PSol também deve recorrer hoje à Justiça para garantir participação da legenda em uma suplência de secretaria. Vai alegar ser o único partido a compor a minoria, visto que PSDB e DEM fazem parte do bloco encabeçado por Temer. ;Queremos recorrer até para que saibam dessa política de conveniência que se faz no Parlamento;, disse o líder do partido, Ivan Valente (SP). Já as legendas do blocão de Temer, que ficaram com nove das 10 vagas da Mesa Diretora, satisfeitas com a divisão, correram para evitar o registro de candidaturas avulsas, ou seja, quando deputados se rebelam contra a direção partidária e se lançam às vagas disponíveis para a legenda. A preocupação existe porque um deputado disposto a contrariar o partido pode engrossar as fileiras da traição ao candidato a presidente. Apesar do esforço, até à meia-noite de ontem, prazo final para o registro de candidatos, 10 deputados dos partidos aliados a Temer se inscreveram como avulsos. O deputado Givaldo Carimbão (PSB-AL) também contrariou a orientação do grupo de apoio a Aldo Rebelo e se lançou candidato a uma suplência da Mesa Diretora. Os opositores de Michel Temer também questionaram o critério para declarar o vencedor. O eleito precisará da maioria dos votos do presentes. ;Esse critério sempre foi utilizado. Inclusive, quando era presidente, o próprio Aldo chegou a emitir um parecer defendendo essa contagem;, disse Chinaglia.

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