Politica

MPF denuncia Elza Pereira por lavagem de dinheiro

;

postado em 02/06/2009 20:40
O Ministério Público Federal (MPF) em São Paulo denunciou hoje (02) a esposa do deputado federal Paulo Pereira da Silva (o Paulinho da Força Sindical), Elza Pereira, por lavagem de dinheiro, em um aditamento de denúncia da Operação Santa Tereza. Para o MPF, Elza Pereira permitiu a utilização da conta-corrente da Meu Guri, organização não governamental (ONG) que ela preside, para ocultar uma parcela dos valores desviados de contratos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) firmados com a prefeitura de Praia Grande e com as Lojas Marisa. Optei pelo aditamento porque o momento era oportuno para tanto, disse a procuradora hoje, em entrevista coletiva imprensa, ressaltando não ter visto ainda a necessidade de um pedido de prisão. De acordo com o MPF, a Meu Guri é suspeita de ter recebido um cheque de R$ 37,5 mil de João Pedro de Moura, de recursos que a Polícia Federal acredita terem sido desviados do BNDES. Moura é um dos treze indiciados pela Justiça Federal na Operação Santa Tereza. Em entrevista coletiva, realizada em maio do ano passado, na sede da Meu Guri, em Mairiporã, na região metropolitana de São Paulo, Paulinho disse que os R$ 37,5 mil foram recebidos pela ONG para que a entidade pagasse dívidas atrasadas de condomínio e de IPTU de um apartamento que havia sido doado por Moura ONG, em 2004. Nesse caso, dona Elza, ao ceder conscientemente a sua conta para o depósito de dinheiro que sabia ser de origem ilícita, concorreu para a prática do crime de lavagem de dinheiro, disse a procuradora. A Operação Santa Tereza investigou uma organização criminosa, que fazia uso de pessoas com influência política no BNDES, para conseguir a liberação de empréstimos para as prefeituras e empresas, e que se aproveitavam de projetos falsos elaborados por uma empresa de consultoria. O dinheiro recebido do BNDES, segundo o MPF, era usado em uma casa de prostituição e de tráfico de mulheres, em São Paulo, chamada de W.E., quando então era lavado (legalizado). Além de Elza Pereira, a procuradora da República Adriana Scordamaglia também denunciou o ex-prefeito de Praia Grande Alberto Mourão, que perdeu o foro privilegiado após o término de seu segundo mandato. O inquérito contra o ex-prefeito tramitava no Tribunal Regional Federal (TRF) da 3ª região, mas voltou para a 2ª Vara Federal Criminal especializada em crimes financeiros e de lavagem de dinheiro. O MPF acredita que o ex-prefeito tenha autorizado o desvio de 2% de uma verba de R$ 130 milhões do BNDES para obras na cidade. Além de peculato, Alberto Mourão também é acusado, segundo o MPF pelo crime de corrupção passiva por ter viajado oficialmente para o Rio de Janeiro com passagens pagas por um dos articuladores da organização criminosa que desviava os recursos do BNDES. No aditamento, que foi enviado hoje Justiça Federal, mais duas pessoas foram denunciadas pelo Ministério Público Federal: Wilson Carvalho de Oliveira, presidente da ONG Instituto Brasileiro de Desenvolvimento e Pesquisa Política, Social e Cultural do Trabalhador, conhecida como Força e Solidariedade; e Felício Makloul, dono do prédio onde funcionava o Flat Imperial, que ficava ao lado da casa de prostituição W.E.. A procuradora da República Adriana Scordamaglia também ofereceu novas denúncias contra quatro pessoas que já haviam sido indiciadas na operação. O advogado Ricardo Tosto, que já foi conselheiro do BNDES nomeado pela Força Sindical, foi denunciado por lavagem de dinheiro. Jamil Issa Filho, ex-assessor do ex-prefeito de Praia Grande foi denunciado agora por corrupção ativa, por ter intermediado a compra das passagens de Alberto Mourão para o Rio de Janeiro, dispensando a empresa responsável pelo fornecimento de passagens prefeitura de Praia Grande. Manuel Fernandes de Bastos Filhos, conhecido como Maneco, dono de uma casa de prostituição e acusado de ser o principal articulador do esquema de desvio de recursos do BNDES, foi agora denunciado por corrupção ativa, por ter oferecido as passagens ao prefeito João Pedro de Moura, que foi assessor do deputado Paulinho e teria sido o responsável pelo depósito do dinheiro na conta corrente da ONG Meu Guri. Maneco foi agora acusado por lavagem de dinheiro. Em entrevista Agência Brasil, o advogado de Elza Pereira, Antônio Rosella, disse não ter tomado conhecimento da denúncia, mas afirmou considerá-la um absurdo. Segundo ele, a denúncia não passa de uma especulação política porque está violentando a esposa do deputado e a família Pereira. O advogado Eugênio Malavasi, que defende o ex-assessor do prefeito Jamil Issa Filho, também reclamou de não ter sido comunicado da denúncia feita pela procuradora e afirmou que pretende ir amanhã (3) até a Justiça Federal para obter mais informações sobre o caso. À Agência Brasil, o advogado de Issa Filho disse que seu cliente é inocente. Não houve corrupção alguma, afirmou. Já a assessoria de imprensa do advogado Ricardo Tosto criticou a nova denúncia. Segundo nota divulgada pela assessoria, a procuradora requentou fatos que já tinham sido respondidos Justiça. A assessoria do advogado diz ainda que os cerca de R$ 182 mil reais foram depositados pela Progus, empresa de Marcos Mantovani que é cliente do escritório de advocacia de Tosto, e seriam referentes ao pagamento de honorários advocatícios. Tais pagamentos realizados pela Progus foram feitos mediante emissão de notas fiscais, diz a nota, ressaltando que uma auditoria feita pelo BNDES sobre os contratos investigados durante a Operação Santa Tereza não constatou irregularidade. A assessoria finaliza com a afirmação de que Ricardo Tosto aguarda com tranqüilidade o julgamento final do processo.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação