Politica

A fina fronteira entre campanha e realizações

postado em 02/11/2009 09:21
O PT cogita reduzir a participação da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, no próximo programa de televisão que vai ao ar em 10 de dezembro. Com o objetivo de mostrar como as realizações da administração do presidente Lula se confundem com o partido, a peça foi construída sob a sombra das críticas do presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, em torno dos limites entre divulgação de obras do governo e antecipação de campanha. [SAIBAMAIS]No processo inicial de levantar ideias, prefeitos e parlamentares petistas defendiam que seria uma ótima oportunidade para transformar Dilma na estrela das peças publicitárias. A cúpula da legenda, contudo, entendeu que seria melhor poupá-la e diluir sua participação com a de Lula e de outros petistas. A proposta é insistir que Lula representa o PT e vice-versa. Pesquisas internas do partido mostram que setores da população dissociam a imagem do presidente da do partido. Colar novamente as duas figuras faz parte da estratégia de transferência de votos, considerada essencial para a vitória da pré-candidata na eleição do ano que vem. O PT tem direito a três inserções que vão ao ar em 3, 5 e 8 de dezembro, além de uma peça mais longa, de 10 minutos. A transmissão em cadeia de rádio e de televisão do programa está marcada para o dia 10. "A nossa proposta é cumprir a legislação num programa conceitual sobre a divulgação da doutrina e dos princípios do partido e do governo", disse o presidente do PT, Ricardo Berzoini (SP). Outra mudança prevista no programa de dezembro é a redução dos convidados. Apesar da boa aceitação entre os militantes da última peça, que trouxe depoimentos de várias figuras do governo, a proposta é apresentar mais imagens e mostrar como o governo conseguiu superar a crise, classificada pelo presidente Lula como apenas "uma marolinha". Berzoini insistiu ser praxe os programas do partido mostrarem os "líderes, um governador ou prefeito e pessoas de destaque do governo". Ele ressaltou que o conceito final dos programas ficará mais próximo da definição nesta semana. "Nós ainda vamos refinar", disse. O secretário nacional de Comunicação, Gleber Naime, explicou que o projeto visa unir Lula e PT. "O programa vai mostrar que as realizações do governo do presidente Lula têm tudo a ver com o PT", sustentou. Em programas recentes, Ciro Gomes (PSB-SP) e Marina Silva (PV-AC), também pré-candidatos, apareceram com destaque nas veiculações de suas legendas. Críticas O ministro Gilmar Mendes criticou o presidente Lula e a ministra Dilma pela viagem de fiscalização de obras da transposição do Rio São Francisco. Ele questionou a confusão entre as ações do governo com campanha eleitoral antecipada. Os petistas reagiram às alfinetadas do presidente do STF e disseram que ele extrapolava a função em seus comentários. Nesse embate de governo versus Justiça, até o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), saiu em defesa da divulgação de ações do governo. Os tucanos também preparam um programa de televisão para 3 de dezembro. A ideia dos marqueteiros é colocar Serra e o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, dividindo as inserções. O objetivo é mostrar que não há animosidade entre os dois pré-candidatos tucanos à Presidência da República. Ambos divergem em relação ao momento ideal para o PSDB definir quem irá concorrer. O mineiro quer antecipar a escolha para dezembro e ameaça se lançar ao Senado em janeiro se até lá o partido não chegar a um consenso. O paulista quer empurrar para março a decisão. O presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), tenta construir um entendimento entre os dois, apesar da resistência de Serra, e é favorável à demonstração de unidade no programa gratuito de televisão. A proposta foi formulada por Luiz Gonzales, aliado de Serra, e por Paulo Vasconcelos, o marqueteiro por trás das campanhas do governador de Minas Gerais. Se não houver consenso na gravação da imagem de união, cada um dos pré-candidatos terá cinco minutos disponíveis.

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