Politica

Lula ganha tempo com os vetos

Impasse sobre reajuste dos aposentados dentro da equipe do governo leva o presidente a adiar anúncio sobre texto aprovado no Congresso no mês passado

Igor Silveira
postado em 04/06/2010 08:04
O assunto parece proibido no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), sede provisória do governo federal. Quando as palavras medida provisória, reajuste, sanção ou veto surgem nas entrevistas, ministros e assessores logo mudam de assunto. Enquanto isso, aposentados e beneficiários do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) que ganham mais do que um salário mínimo aguardam uma resposta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o reajuste de 7,7%, aprovado no Congresso Nacional no mês passado. O chefe do Executivo tem até o próximo dia 15 para despachar o documento e, de acordo com fontes próximas ao petista, só deve mesmo tomar uma decisão perto da data-limite.

Os ministros que compõem a cúpula econômica do governo recomendaram o veto ao presidente. Paulo Bernardo, do Planejamento, e Guido Mantega, da Fazenda, disseram a Lula que o aumento não cabe no orçamento da União. Ainda de acordo com eles, a sanção da medida provisória poderia comprometer a política fiscal e abalar a boa fase da economia nacional. As reuniões, porém, não param. Na última quarta-feira pela manhã, o mandatário brasileiro voltou a reunir-se com o ministro do Planejamento que, no fim da semana passada, chegou a dizer que um corte no orçamento seria uma ;ideia interessante; caso Lula decida aprovar o aumento.

;Não está sobrando dinheiro;, disse Guido Mantega também na última semana. ;O presidente Lula tem mesmo uma decisão difícil pela frente, mas não temos condições de conceder mais benefícios além dos que já foram estabelecidos.; A declaração do ministro da Fazenda foi dada com a sugestão de compensação para os aposentados: a edição de uma nova medida provisória concedendo abono de 6,14% aos aposentados ; índice presente na proposta original do governo.

Lula sabe da importância de agradar o grupo numeroso formado por inativos em ano eleitoral. Os parlamentares também. Além disso, o presidente não quer dar munição aos integrantes da oposição. Por isso, a decisão ainda não foi tomada. A orientação para barrar a MP nos plenários do Congresso foi desobedecida por integrantes da base aliada, e a bomba, agora, repousa sobre o colo do presidente.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação