Ezequiel Fagundes
postado em 31/07/2010 08:16
Antigos desafetos, o ex-presidente da República Itamar Franco (PPS), candidato ao Senado, e o ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB), candidato à Presidência, resolveram fumar o cachimbo da paz. Influenciados pelo ex-governador Aécio Neves (PSDB), candidato ao Senado, os dois fizeram as pazes com vistas à eleição de outubro. Em público, a aproximação foi selada durante entrevista depois de conversa reservada no apartamento de Aécio, em Belo Horizonte. Candidato à reeleição, o governador Antonio Anastasia testemunhou a reconciliação, marcada por sorrisos, elogios e de longo e apertado abraço fraternal.
Com o olhar fixo em Serra, Itamar fez questão de ressaltar que sempre se empenhou para lançar Aécio como candidato a presidente. "Nunca escondi isso, mas as circunstâncias levaram que o senhor (Serra) fosse o escolhido. Nós aqui estamos numa coligação que há, sobretudo, lealdade e disciplina. Posso lhe dizer que seu nome não será esquecido. Vamos agora participar dessa caminhada ao seu lado", prometeu Itamar.
Os dois não se entendem desde o governo Fernando Henrique Cardoso, época em que os tucanos paulistas tomaram para si a paternidade de ações de governo que teriam sido idealizadas por Itamar, sobretudo o Plano Real. Há menos de uma semana, Itamar e Serra trocaram farpas, por meio do Twitter, sobre a iniciativa dos medicamentos genéricos.
Depois de Itamar, foi a vez de Serra falar. Sorridente, ele não economizou elogios, disse que o ex-presidente tem grande importância política, eleitoral e moral. Humilde, Serra chegou a admitir que Itamar foi o responsável pela estabilidade econômica. "É um homem que marcou a história do Brasil pela sua integridade e pelo fato de ter conduzido o Brasil a sua estabilidade depois de 15 anos de superinflação. Temos saudades do período do Itamar, de todas aquelas demonstrações de espírito público e integridade, de correção no desempenho no cargo de presidente. Vou estar à vontade aqui em Minas", declarou Serra.
Páreo
Responsável pela reaproximação, Aécio acredita que a candidatura de Serra no segundo maior colégio eleitoral do país pode ganhar apoiadores com a entrada de Itamar no páreo. "Minas é a terra da conciliação e do entendimento em favor do Brasil. Tenho certeza que nossa campanha ganha uma dimensão ainda maior."
Com 14,5 milhões de eleitores, Minas é essencial para o bom desempenho de Serra. Historicamente, quem vence em território mineiro acaba eleito. Apesar do clima amistoso, houve momentos constrangedores. Insatisfeito com a tática do tucano paulista, que já declarou publicamente ver vários pontos positivos no governo Lula, Itamar voltou a condenar o tom usado por Serra. "Aprendi muito cedo na vida pública: se você não quer falar mal do adversário, não pode falar bem", explicou.