Politica

Marina entre a cruz e a espada

Presidenciável é acusada de pregar politicamente postura progressista e manter avaliações pessoais conversadoras

Suetoni Souto Maior
postado em 25/05/2013 18:00

Marina é acusada de fazer jogo duplo por questões eleitorais

A ex-senadora Marina Silva passou a viver recentemente um período conturbado. Além de correr contra o tempo para viabilizar a criação da Rede Sustentabilidade, partido pelo qual pretende disputar a Presidência da República, em 2014, tem sido obrigada a expor, de forma efetiva, opiniões sobre temas polêmicos como união homoafetiva, legalização das drogas e descriminalização do aborto. No campo político, é acusada de fazer jogo duplo por questões eleitorais, já que prega postura ;progressista; em relação temas espinhosos, mas não abre mão de avaliações pessoais mais ;conservadoras; sobre as mesmas questões.

As cobranças de eleitores e políticos tiveram espaço na campanha presidencial de 2010, quando a ex-senadora recebeu quase 20 milhões de votos e terminou o pleito em terceiro lugar, atrás apenas da petista Dilma Rousseff (eleita) e do tucano José Serra. Mas o tema ganhou nova dimensão, neste ano, por causa das polêmicas geradas pelo Pastor Marco Feliciano (PSC-SP), presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara Federal. O parlamentar recebeu a oposição ferrenha de militantes da causa LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros) por causa de posições conservadoras. Em campanha para coletar as 550 mil assinaturas para a criação da Rede Sustentabilidade, não tardou para que as comparações entre Marina e Feliciano começassem.

Essas comparações se tornaram mais incisivas durante a passagem da ex-senadora por Pernambuco. No dia 13 de maio, ela proferiu palestra na Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) e, na oportunidade, disse que Feliciano é mais criticado por ser evangélico que por ;suas posições políticas equivocadas;. A polêmica sobre as posições de Marina ganhou força depois que o Diario, em sua versão online, publicou matéria ressaltando a solidariedade religiosa da ex-senadora. Em poucos minutos, protestos contra ela ganharam espaço no Facebook e no Twitter.

Ao comentar a repercussão do assunto, o deputado federal Anderson Ferreira (PR-PE) fez críticas ao que se referiu como posição dúbia da ex-ministra. ;O que acontece com Marina Silva é que ela tenta agradar a dois eleitorados e não vai conseguir isso;, disse o parlamentar pernambucano, que integra a vice-presidência da CDHM.

Esta visão, no entanto, é bem diferente da nutrida pelos colaboradores da Rede Sustentabilidade. O coordenador da campanha pela coleta de assinaturas em Pernambuco, Roberto Leandro, discorda das declarações de que a ex-senadora é dúbia para agradar a dois eleitorados. ;Pela história de vida que ela tem, não tenho dúvida em afirmar que Marina é progressista;, disse.

A marina o que é de Marina
Passados dez dias da palestra na Universidade Católica de Pernambuco, quando disse que o deputado federal Pastor Marco Feliciano (PSC-SP) era mais ;criticado por ser evangélico que por suas posições equivocadas;, a ex-senadora Marina Silva publicou artigo na edição de ontem do jornal Folha de São Paulo, onde afirma que ;a edição maldosa do Diario de Pernambuco me acusou de defender o deputado Feliciano e suas ideias equivocadas;. A defesa não é legítima. Às 9h19 do dia 14 de maio, o diariodepernambuco.com.br publicou matéria que tinha como título Em agenda no Recife, Marina Silva sai em defesa do pastor Marco Feliciano.

O que incomodou a ex-senadora e seu grupo político foi o uso, no título, da palavra "defesa". Incomodou porque desde que a notícia foi postada ela alcançou grande repercussão, superando 30 mil pageviews, além de mais de 17 mil visualizações através do Facebook e três mil via Twittter. Por causa do uso da palavra "defesa" - compatível editorialmente porque uma possível candidata à Presidência chamava a atenção para a perseguição de uma pessoa pelo fato de ser evangélica - a assessoria de imprensa de Marina chegou a divulgar matérias e vídeos de um mês anterior, em uma palestra na Unicamp (São Paulo) como se fossem referentes à palestra da Unicap, uma forma de descredenciar o Diario e confundir o internauta. Diante da repercussão do assunto, portais e jornais de várias regiões do país ligaram para repercutir as declarações de Marina a respeito da ;má-fé; do Diario. Não deram eco às reclamações da candidata. O que foi publicado na época pelo jornal - tanto no site quanto no papel - é a reprodução fiel do seu pensamento.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação