Politica

Estudiosos e personagens das Diretas Já avaliam as mudanças do país

Brasil registrou um ganho social, mas que ainda tem os movimentos políticos distantes dos anseios da sociedade

postado em 24/01/2014 06:00
Cerca de 300 mil pessoas estiveram no comício na Praça da Sé, no dia do aniversário de São Paulo, há 30 anos

No próximo 5 de outubro, ao se dirigirem às seções eleitorais para escolher o presidente da República, milhares de brasileiros nem se darão conta de que estarão exercendo um direito negado aos cidadãos do país não faz muito tempo. Amanhã, o primeiro grande comício do movimento que ficou conhecido como Diretas Já, realizado na Praça da Sé, em São Paulo, completa 30 anos. Depois de algumas manifestações menores, a campanha que pedia o retorno do voto direto, extinto desde o golpe de 1964, reuniu cerca de 300 mil pessoas, arrebatando corações e mentes por todo o território nacional. Quem esteve nas ruas e estudiosos do período apontam o movimento como um dos mais importantes do Brasil, ainda que a democracia sonhada na época não seja exatamente a vivenciada hoje.

;Naquele tempo, havia mais esperanças sobre a criação de um bem-estar social, que diminuísse as injustiças sociais, o que de certa maneira se expressou na Constituição Federal de 1988, mas não de forma tão forte como se esperava;, afirma Marcelo Ridenti, professor do Departamento de Sociologia da Universidade de Campinas (Unicamp). Apesar das expectativas frustradas, são inegáveis os avanços obtidos pelo país pós-redemocratização. Além da liberdade, um direito de importância incalculável, o Brasil erradicou a fome, diminuiu a pobreza, universalizou o acesso à escola. Conseguiu driblar a hiperinflação, trocou cinco vezes de moeda, estabilizando-a em meados da década de 1990, galgou posições na economia mundial. O jogo político é o que talvez não tenha evoluído a contento, comenta Ridenti.



;Especialmente depois do impeachment do Collor, criou-se um modus vivendi que leva os políticos a darem muita importância em assegurar a governabilidade, com amplas alianças e negociações que não são muito limpas. Isso faz com que não notem o que acontece na base da sociedade. Os protestos do ano passado são uma reação a essa política institucional que se faz hoje;, critica o professor da Unicamp. Ridenti ressalta que a campanha pelas Diretas Já é um marco não só pelo que reivindicava, mas, sobretudo, pela quantidade de gente que se mobilizou. Depois do comício na Praça da Sé, o movimento se espalhou pelo Brasil. ;Foi uma febre no país inteiro.;

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